Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) podem ser expulsos da instituição por causa de um trote considerado racista e com apologia ao nazismo. Essa é uma das penalidades previstas pela comissão de processo administrativo-disciplinar criada nesta terça-feira (19) pela universidade para apurar o caso.
O trote ganhou repercussão após estudantes divulgarem fotos em redes sociais da internet mostrando uma aluna pintada de preto, acorrentada e com um cartaz pendurado no pescoço com a inscrição "caloura Chica da Silva". Era uma referência a Francisca da Silva de Oliveira, escrava alforriada que viveu com um rico comerciante de diamantes no século XVIII na atual Diamantina (MG). Uma segunda foto mostra um calouro amarrado a uma pilastra com estudantes fazendo a saudação nazista ao seu lado.
Segundo a assessoria da UFMG, a comissão, integrada por professores e funcionários administrativos da instituição, tem 30 dias para dar um parecer sobre o caso. A expulsão é a penalidade mais grave, mas o regimento da universidade prevê também a possibilidade de os estudantes receberem advertência ou serem suspensos por um período de dez a 30 dias.
A repercussão do trote também mobilizou diversas entidades. Aproximadamente 300 pessoas participaram na tarde desta terça de reunião promovida pela Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel) e pelo Movimento Mulheres em Luta (MML) no Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP), localizado na Faculdade de Direito da UFMG. Os estudantes divulgaram uma carta de repúdio contra o trote "respaldado pelas diversas opiniões manifestadas pelo corpo discente".
O documento afirma também que o Centro Acadêmico "repudia veementemente" também "o assédio virtual que tem recaído sobre os protagonistas das fotos". "Devem ser respeitados os direitos individuais de todos os envolvidos", afirma o texto. Nova reunião estava prevista para ocorrer na noite desta terça, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), no campus da UFMG.
Na segunda-feira (18), a direção da universidade já havia divulgado nota, assinada pelo reitor Clélio Campolina e pela vice-reitora Rocksane Norton, na qual "repudia quaisquer atos de violência, opressão, constrangimento ou equivalentes, praticados contra membros da comunidade universitária, em particular aqueles relacionados aos chamados 'trotes' aplicados aos novos estudantes".
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