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Recomeço

Alunos ajudarão a remodelar escola

Bandeiras manchadas foram colocadas ontem na praia de Copacabana, no Rio, para homenagear os adolescentes mortos na semana passada | Ricardo Moraes/Reuters
Bandeiras manchadas foram colocadas ontem na praia de Copacabana, no Rio, para homenagear os adolescentes mortos na semana passada (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

Rio de Janeiro - A Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, será reaberta dentro de uma semana, no dia 18, com uma série de atividades idealizadas para estimular a volta dos alunos e dar "cara nova" ao colégio que foi cenário do assassinato de 12 crianças, na última semana. O grande número de estudantes que, traumatizados pelo massacre, se recusam a voltar à escola, é motivo de preocupação de psicólogos e assistentes sociais da prefeitura do Rio encarregados de prestar atendimento aos eles e suas famílias.

Depois de deixar flores na porta do colégio, na tarde de ontem, a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, disse que uma "cerimônia de reinvenção da escola", com alunos, parentes, professores e funcionários, marcará a volta das aulas. As crianças serão estimuladas a montar um mosaico no muro da escola, a escolher as novas cores das paredes e a acompanhar a instalação de um grande aquário.

Cláudia disse que todos os esforços serão feitos para manter as crianças na escola. Nos casos excepcionais, em que as crianças rejeitem a volta à Tasso da Silveira, a secretaria vai providenciar a transferência para outra unidade da rede municipal. "Não vamos incentivar que as crianças saiam da escola. É importante a criança retornar e ver que aquele é o lugar onde ela foi feliz", disse a secretária.

Segundo Cláudia, ainda não foi decidido como será aproveitado o espaço ocupado pelas salas de aula onde o atirador, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, ex-aluno da escola, fez os disparos. Hoje, a Tasso da Silveira será liberada pela polícia e passará por uma limpeza e pintura superficial dos locais mais manchados de sangue. Na semana que vem, começará a pintura geral da escola.

Atendimento

De amanhã até sexta-feira, professores e alunos receberão, na própria escola, atendimento psicológico, a fim de aprenderem a lidar com o trauma e também se prepararem para a volta dos alunos às aulas.

Durante o fim de semana, funcionários de várias secretarias municipais visitaram casas das vítimas e de alunos que estavam na escola no momento do massacre. "A maioria dos alunos tem dito que não quer voltar à escola, mas não são todos. As reações são muito diferentes", contou a assistente social Simone de Souza Pires, coordenadora do atendimento. Ela diz que há crianças e adultos que apresentam sintomas de estresse pós-traumático, como tremedeiras, dores de barriga, insônia, medo de sair às ruas e resistência a ter qualquer tipo de notícia sobre a tragédia.

Homenagem

Penduradas em varais nas areias de Copacabana, bandeiras do Brasil manchadas com tinta vermelha chamaram a atenção de quem passou pela orla na tarde de ontem. No ato público, integrantes da ONG Rio de Paz homenagearam as vítimas do massacre em Realengo e expressaram solidariedade às famílias das crianças assassinadas. "Temos que encontrar uma forma de dizer para essas famílias: sentimos a sua dor", disse em sua página na internet o presidente da ONG, Antônio Carlos Costa.

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