Os estudantes da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Curitiba, protestam contra a implementação da cobrança do estacionamento proposta pela reitoria da instituição. Os alunos também questionam o aumento de 11,34% nas mensalidades e pedem a abertura das contas da universidade. Segundo eles, há cerca de 10 anos a PUC não realizaria prestação de contas junto à comunidade acadêmica. A universidade afirma que publica o balanço patrimonial anualmente e que está aberta ao diálogo com os alunos.
O universitário Renato Augusto Kitagawa, que cursa design gráfico, afirma que a decisão da reitoria de começar a cobrar estacionamento foi tomada durante as férias universitárias. “Na semana entre o Natal e o ano-novo, a reitoria contratou uma empresa para começar a cobrar estacionamento dos alunos. Não houve consulta ou aviso algum. Só descobrimos isso recentemente”, afirma. Até então, não havia cobrança do estacionamento. “Pela primeira vez, isso está acontecendo”, diz.
Na tarde da última terça-feira (26), um grupo de estudantes protestou nas dependências da PUCPR. Durante a tarde, representantes dos centros acadêmicos e do Diretório Central de Estudantes (DCE) se reuniram com a reitoria para debater o assunto. “Os alunos vão cobrar para que não seja cobrado o estacionamento e para que o reajuste da mensalidade não seja tão alto”, afirma Kitagawa. O DCE também se mobiliza pelas redes sociais, criticando e questionado as medidas adotadas pela universidade.
A entidade entregou ainda um documento à reitoria da universidade pedindo explicações sobre as decisões tomadas e exigindo que o contrato com a empresa que irá coordenar o estacionamento da instituição seja rescindido, que seja suspenso o aumento das mensalidades e que seja efetuada uma prestação de contas.
Outro lado
A PUCPR afirmou que mantém diálogo com os estudantes. Segundo o pró-reitor de Administração, Paulo Baptista, membros da reitoria já se reuniram duas vezes com representantes do aluno para explicar a situação. Em relação à cobrança do estacionamento, Baptista explica que o espaço precisa de reformas no pavimento e na drenagem.
“Existe a dificuldade de localizar as vagas disponíveis. Com uma empresa especializada no setor isso será melhorado, dando maior comodidade aos alunos”, afirma. A reforma no espaço está estimada em cerca de R$ 4 milhões. Há ainda a proposta de ter entre 100 e 200 novas vagas. Segundo ele, a instituição dispõe hoje de 4,8 mil vagas. “Uma empresa com a expertise no setor vai conseguir ampliar o número de vagas”, diz o pró-reitor.
De acordo com Baptista, a maioria dos estudantes não utiliza os estacionamentos. “Somente quem usa é que irá pagar e os preços propostos são acessíveis”, afirma. O preço da cobrança varia de R$ 2,50 a R$ 4,50 por acesso. A cobrança, contudo, precisa ser discutida no Conselho Universitário. “Só o conselho é que irá apontar se pode ou não cobrar. Lá tem representantes de todos os setores da universidade”, destaca.
Questionado se as manifestações podem prejudicar o início do ano letivo na universidade, Baptista acredita que eventualmente isso possa ocorrer. “Mas sabemos que em um ambiente universitário e democrático, os alunos precisam ter senso crítico. Esperamos que os atos não prejudiquem as aulas. A manifestação é livre e importante para o amadurecimento dos estudantes”, afirma o pró-reitor.