Um ônibus com 16 alunos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Litoral, alguns deles menores de idade, foi barrado e mantido no meio da Baía de Guaratuba por cerca de duas horas ontem. Os estudantes, acompanhados por um professor e pelo motorista, retornavam de uma atividade pedagógica para Matinhos no fim da manhã quando foram impedidos de desembarcar por não terem pago a travessia. O impasse causou um protesto que reuniu cerca de 100 alunos no trapiche de Guaratuba. A situação foi resolvida somente quatro horas depois, com a intervenção do Ministério Púbico e da Polícia Civil, que levaram a empresa concessionária F. Andreis a liberar o ônibus sem pagar a tarifa.
Os alunos haviam ido pela manhã visitar o Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos (CPPOM), da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, na Praia de Caieiras, em Guaratuba. O grupo era formado por estudantes do curso técnico em Orientação Comunitária e acadêmicos de Gestão Ambiental e Ciências. "Não podemos cobrar dos alunos porque somos uma instituição pública. Muitos deles também são carentes", relata o professor de Gestão Pública Rangel Angelotti, que acompanhava o grupo de estudantes na visita.
A UFPR Litoral alega não ter previsão legal para pagar pela tarifa e não ter meio para cobrar dos alunos. Porém, não pode deixar de fazer a travessia, já que tem aproximadamente 50 projetos em Guaratuba vinculados aos 15 cursos, que envolvem até 1,3 mil alunos. "Não há como pegar dinheiro público para pagar pedágio", salientou o diretor da UFPR Litoral, Valdo Cavallet. A empresa, por sua vez, não quer liberar o trânsito gratuito. Em nota, afirmou: "A concessionária não possui autonomia para modificar e nem tampouco descumprir o contrato de concessão".
Delegacia
Depois da confusão no ferry boat, a discussão foi parar na delegacia. O professor de Direito da UFPR Litoral Eduardo Harden registrou um Termo Circunstanciado contra a F. Andreis por ter "impedido de ir e vir, cárcere privado e constrangimento". O aluno e servidor da UFPR Litoral Ringo Bez de Jesus também registrou queixa por agressão. Em nota, a empresa acusou o motorista: "Trafegou em velocidade incompatível com a via, ingressou sem autorização na embarcação e por muito pouco não atropelou dois funcionários da concessionária, e não cumpriu as diligências de desembarque de passageiros." O caso vai ser encaminhado ao Ministério Público. Existe um projeto de lei na Assemble ia Legislativa para conceder a isenção aos veículos da instituição, porém ele está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Colaborou Fernanda Leitóles
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