No primeiro dia de aula após o retorno ao trabalho dos professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), nesta quarta-feira (16), muitos estudantes não tiveram acesso a serviços essenciais, entre eles o empréstimo de livros nas bibliotecas. Como os servidores técnico-administrativos permanecem em greve desde 29 de maio, algumas atividades foram prejudicadas. Ao menos duas bibliotecas continuavam fechadas nesta quarta pela manhã: de Ciências da Saúde, no câmpus Jardim Botânico; e de Ciência e Tecnologia, no Centro Politécnico. A biblioteca de Ciências Humanas, no Edifício Dom Pedro I, no Centro, funciona em horário especial, apenas das 9 às 12 horas.
A estudante Mary Santos, do 2.º ano do curso de Química, conta que a biblioteca do Setor de Ciência e Tecnologia está fechada desde maio e os alunos têm buscado alternativas de estudo. “Os professores dão aulas expositivas em ‘PowerPoint’ e nos enviam o conteúdo para estudarmos em casa. Também estudamos com material encontrado na internet”, diz. A estratégia adotada por Rafaela Quirino, do 4º período de Engenharia Elétrica, é buscar livros na Biblioteca Pública do Paraná e fazer cópias de publicações emprestadas por professores. Nos cursos das duas universitárias a adesão à greve dos docentes foi parcial. Durante o mês de paralisação, elas continuaram assistindo a aulas de algumas disciplinas.
Todas as aulas previstas para esta quarta-feira foram dadas, afirma Luís Almeida Ramos, do 2.º ano do curso de Terapia Ocupacional. Ele ainda espera pelo repasse de R$ 400 da bolsa permanência, um auxílio para estudantes em fragilidade socioeconômica. O valor, que deveria ter sido depositado até o quinto dia útil do mês, não caiu até agora na conta bancária do universitário. A Reitoria da UFPR diz que os pagamentos das bolsas estudantis, inclusive as de atleta, extensão, iniciação científica e monitoria, não foram feitos devido à ocupação do prédio da Reitoria, no dia 31 de agosto, por cerca de 200 estudantes. Também foram prejudicados os repasses de verbas para apresentação de trabalhos, participação em eventos científicos e para o pagamento de fornecedores e prestadores de serviço, como funcionários dos restaurantes universitários.
Os estudantes do Comando de Greve Estudantil, responsável pela ocupação da Reitoria, contestam a relação entre a ação e o atraso nos repasses. “A reitoria afirma que o pagamento não pode ser realizado devido à ocupação da sua sede administrativa pelos estudantes, que ocorre desde o dia 31 de agosto. No entanto, tomamos conhecimento de que a universidade não repassa o pagamento para as empresas terceirizadas desde maio, totalizando quatro meses de atraso e mais de R$ 1,6 milhão não pagos. Como pode uma ocupação de 15 dias ser culpabilizada por um atraso de 4 meses?”, questiona o movimento em sua página no Facebook.