Os 421 estudantes da Escola Municipal Padre Pedro Fuss, de São José dos Pinhais, ganharam em fevereiro deste ano novos colegas, que estudam na mesma área, mas em outro bloco. Os dois grupos têm o mesmo currículo e horário de intervalo, além de conviverem em todos os demais espaços do colégio, como o ginásio de esportes, a biblioteca e o refeitório. A diferença é o sinal que marca o início e o fim das aulas: sonoro em um caso e luminoso no outro. Desde o início do ano, a Padre Pedro Fuss e a Escola Municipal de Surdos Ilza Santos funcionam lado a lado e o resultado positivo do convívio já começa a aparecer. Duas turmas de Língua Brasileira dos Sinais (Libras) foram abertas a pedido dos alunos ouvintes, que queriam interagir com os estudantes do outro bloco, mas não sabiam como.
Os 16 alunos da Escola Municipal de Surdos Ilza Santos estudavam até então em uma residência adaptada para servir de ambiente escolar. Para promover a inclusão dos deficientes auditivos, houve a adequação de um bloco inteiro da Padre Pedro Fuss, escola que atende estudantes da primeira etapa do ensino fundamental. “No sexto ano nossos alunos vão para a escola comum do estado, com direito a intérprete de Libras. Visando a antecipar essa experiência, surgiu a ideia de dividir o mesmo espaço dos ouvintes”, afirma a diretora da Ilza Santos, Rita Maria Gaspar Teixeira. Ela explica que, além da diferença no sinal do intervalo, os alunos surdos são atendidos e alfabetizados na sala de aula com professor bilíngue.
Ideal é inserir alunos em classes comuns
- Marcela Campos
A proximidade entre os alunos das escolas Padre Pedro Fuss e Ilza Santos pode facilitar a inclusão dos estudantes surdos em classes comuns, conforme determina a legislação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) prevê a integração do educando com deficiência no sistema regular de ensino, que deve oferecer apoio especializado. De acordo com a diretora geral da Secretaria de Educação de São José dos Pinhais, Joselita Drugovich Andrigetto, as 60 escolas municipais e os 44 Centros Municipais de Educação Infantil têm alunos de inclusão. Quando o estudante deficiente vai para uma sala comum, é necessário diminuir o número de alunos da turma. A redução varia caso a caso, conforme o grau de dificuldade. Nas situações de maior comprometimento, os alunos são encaminhados para as escolas especiais. A rede municipal de ensino de São José dos Pinhais tem uma escola para surdos, uma para cegos e uma para alunos com deficiência mental.
Convívio
Na hora do recreio, no pátio da escola, as crianças que escutam passaram imediatamente a buscar formas de comunicação com os outros colegas. “Como falo que eu vou comer?” e “Como falo que vou embora?” eram alguns dos questionamentos. Uma mãe contou que o filho começou a buscar na internet o significado de alguns sinais. Foi daí que surgiu a ideia de oferecer um curso básico de Libras. Assim que a escola Ilza Santos abriu as inscrições, a procura foi tão grande que logo as 50 vagas foram preenchidas e há lista de espera. “Nem acreditei quando disseram que eu estaria na turma”, comemora Sophia Dantas, de 8 anos.
Na aula inaugural os estudantes da escola de surdos “batizaram” os alunos ouvintes. “Há uma estratégia utilizada pelos surdos quando se referem a alguém. Em vez de fazerem os sinais referentes a cada letra do nome da pessoa, eles escolhem um sinal relacionado a uma característica física ou de personalidade”, explica Rita. Segundo ela, o ensino em salas separadas, mas com o uso de espaços em comum, permite que os deficientes auditivos tenham ao mesmo tempo o atendimento individualizado de que precisam e a oportunidade de interagir com os ouvintes, preparando-se para o que encontrarão lá fora. A solução é do estilo ganha-ganha, com resultados positivos também para o outro grupo, o dos ouvintes. Para eles, o convívio traz o respeito às diferenças.
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