Cerca de 500 estudantes do ensino fundamental e médio protestaram nesta terça-feira (6) na avenida Paulista contra a medida anunciada pelo secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, de reorganizar as escolas públicas do Estado por ciclos.
O protesto começou em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo). Por volta das 12h20, uma parte dos estudantes caminharam até a praça da República, também no centro da capital paulista, para protestar em frente à Secretaria Estadual de Educação.
O objetivo do governo paulista é que a maioria das unidades ofereça classes de apenas um dos três ciclos do ensino básico – anos iniciais (1º ao 5º) e finais (6º ao 9º) do ensino fundamental e ensino médio. Atualmente, cerca de um terço das escolas estaduais funciona assim. Com a mudança, uma região com três escolas para alunos de todas as séries terá uma unidade para cada etapa.
Voorwald estima que o plano vai afetar até mil escolas e entre 1 milhão e 2 milhões de alunos. A rede tem 5.108 escolas e 3,8 milhões de alunos. A mudança deve ocorrer já a partir do ano que vem.
“O grêmio estudantil e os alunos se organizaram pelas redes sociais e decidiram que hoje a aula é na rua, nenhum estudante entrou na escola, eles vieram protestar por seus direitos”, afirma Fulvio de Moraes Gomes, professor de filosofia na escola Caetano de Campos, que fica na Aclimação, região central de São Paulo.
Gomes afirmou que a medida irá trazer prejuízos à educação de milhares de alunos, que vão estudar em salas lotadas, com um número de professores reduzido. “Nós conhecemos a política do Estado. Superlotação de salas, demissão de professores e funcionários, a qualidade cai drasticamente. Se o governo cumprisse o piso salarial e aumentasse o número de escolas, para diminuir a quantidade de pessoas em sala de aula, certamente a qualidade teria um salto.”
Bryan de Paula Aftimus, 19, presidente do Grêmio Estudantil da mesma escola, afirma que a Secretaria de Educação impõe e não dialoga com os representantes das escolas. “Não podemos aceitar que seja assim, precisamos entender os motivos e pensar juntos como uma medida pode ser feita para beneficiar as pessoas. Vários estudantes vão ter de parar de trabalhar devido à mudança de escola e de turno de aula, mas a família dele vai continuar precisando do dinheiro. Ninguém pensa na realidade dos alunos”, enfatiza.
Gomes, que acompanha os estudantes e ajuda a manter o caráter organizado do protesto, diz que não aceitarão que as escolas sejam fechadas: “não aceitaremos que o direito à educação pública de qualidade seja tirada dos alunos. Os alunos entenderam, em resumo, que não é possível mais que roubem os sonhos deles”.
“Queremos dialogar. Não somos uma geração que ouve e fica de braços cruzados, vamos buscar uma forma de resolver isso”, conclui Aftimus.
A Secretaria de Educação afirmou que será realizado um encontro nas escolas no dia 14 de novembro com os pais e os alunos para ouvir os principais problemas.
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