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A primeira providência que os novos responsáveis pela Casa da Estrela vão tomar é a retirada do telhado, nas próximas semanas, assim que a prefeitura aprovar o diagnóstico da PUCPR, contando como será o translado e para onde. A consulta prévia já foi encaminhada. Segundo o arquiteto Cláudio Maiolino, professor da Católica especializado em restauro de patrimônio histórico, cada metro quadrado de telha pode chegar a 300 quilos, com variações em dias de chuva. Essa sobrecarga é fator de risco para uma construção de aproximadamente 80 anos e algumas avarias. Na seqüência, a obra será embalada por cinco lonas de 10 x 10 metros, inaugurando o período de jejum da Estrela – ela só poderá ser vista por inteiro novamente em 2007.

O processo de dépose, como o desmanche e reconstrução são chamados, será coordenado por Cláudio Maiolino com a participação de dois grupos de até seis alunos cada. A atividade vai fazer parte da disciplina Técnica Retrospectiva, de 108 horas, lecionada nos últimos períodos do curso de Arquitetura, e deve ser reciclada até o término do projeto. A Casa da Estrela vai ser reinstalada lentamente num bosque do câmpus Prado Velho, próxima ao Ateliê de Restauro e ao prédio da Administração, e terá cada etapa documentada e fotografada, tendo em vista a edição de um livro. O ponto exato do novo endereço não foi definido, pois há muitas árvores no local, o que vai exigir estudos preliminares.

Segundo Maiolino, não se tem notícia de patrimônio transferido, literalmente, de um ponto da cidade para uma instituição de ensino. A expectativa em torno do projeto é grande. A começar pela primeira etapa, que vai durar seis meses e exigir nervos de aço do arquiteto. O dépose exige estratégia de guerra, ainda mais em se tratando de uma casa que não segue o estilo quadradão da arquitetura de madeira convencional. Cada tábua é numerada, os pregos serrados (para evitar danos), as peças mapeadas, numeradas e fotografadas antes de serem acomodadas em lotes. A previsão é de que as perdas não ultrapassem 20%, podendo chegar a 100% nos beirais. É um bom saldo, graças ao trabalho de conservação feito por Moysés de Castro, um dos herdeiros. Perdas de 40%, bastante comuns, costumam inviabilizar o resgate de casas de madeira, pois superam o que os órgãos de defesa do patrimônio podem custear.

A PUCPR não divulga oficialmente os valores investidos, pois toda a mão-de-obra virá da hora-atividade de funcionários da instituição, mas é provável que chegue a R$ 120 mil – a contar pelo tempo destinado ao programa. "Já estamos com a chave da porta", festeja Maiolino. (JCF)

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