A Amazônia é a região que mais tem problemas de trabalho escravo, indica lista divulgada nesta quarta-feira (6) pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Conhecida como "lista suja" do trabalho escravo, a relação traz pessoas e empresas que cometeram esse tipo de crime.

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Dos 164 casos enumerados pelo ministério, cem deles (61%) ocorreram em estados que pertencem à Amazônia Legal. O local com mais problemas é o Pará (46 casos), seguido do Maranhão (22 casos) – ambos da Amazônia – e Mato Grosso do Sul (18 casos). Segundo levantamento realizado pela ONG Repórter Brasil, especializada no combate ao trabalho escravo, quase todos os casos ocorridos na Amazônia estão ligados à criação de gado ou à produção de carvão vegetal – ambas atividades apontadas por ambientalistas como principais responsáveis pelo desmatamento da região.

A maior parte das fazendas onde os crimes ocorreram também coincide com o chamado "Arco do Desmatamento", onde a floresta vai cedendo lugar à agropecuária.

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No Pará, por exemplo, o município mais problemático é São Félix do Xingu (sete casos), que também é o campeão de desmatamento da Amazônia. Lá, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), já foram derrubados 15,9 mil km² de floresta, o equivalente a dez vezes o município de São Paulo.

Direitos básicos

Na Amazônia, quem recebe grande parte das denúncias contra fazendas que empregam trabalhadores escravos é o frei Xavier Plassat, da Comissão pastoral da Terra (CPT). Segundo ele, praticamente todas as queixas dos trabalhadores dizem respeito a alojamentos precários, falta de acesso a água potável, alimentação ruim e condições precárias de higiene.

Mas há casos em que a situação é pior. "Muitos também se queixam de serem roubados. De não serem pagos ou de receberem uma mixaria. E a ainda aqueles que ficam presos, longe de tudo, endividados", relata o frei da CPT.

Segundo Plassat, os casos de trabalho escravo na Amazônia são mais graves que no resto do país. "O isolamento abre a porta para todos os abusos, e impunidade na Amazônia também é maior, pois o acesso à fazenda é tão difícil que o risco de fiscalização é muito menor para o empregador."

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Um estudo conduzido pela CPT mostra que não são poucos os trabalhadores submetidos a essas condições. Segundo a instituição, entre 1995 e 2009 foram libertadas 38.003 pessoas no Brasil. Destes, 22.762 (60%) ocorreram em estados integrantes da Amazônia Legal.