Campo Mourão A falta de enfermeiros nas duas ambulâncias da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Mourão, que fazem atendimentos principalmente nos finais de semana, quando o Siate está sobrecarregado, coloca em risco os pacientes. Os próprios motoristas são obrigados a averiguar o quadro clínico do paciente, colocar na maca com a ajuda de populares e a encaminhar ao posto de saúde ou ao pronto-socorro.
No plantão do último final de semana do motorista José Carlos Brizotti, no atendimento de um mal súbito, além de precisar do apoio da população para colocar a paciente Alina Santana Oliveira na ambulância, ele mesmo atestou como fingimento as causas do desmaio. A atitude causou indignação e revolta em populares e familiares da moça.
A paciente foi atendida no posto de saúde 24 horas, medicada e ficou em observação por mais de uma hora. Segundo a ficha clínica, Alina teve um quadro de depressão. Para a família, os desmaios são causados por problemas do sistema nervoso. "Mesmo assim, o motorista deveria recolhê-la, encaminhar ao posto de saúde e deixar para o médico atestar as causas", afirma indignada uma das irmãs, que não quis se identificar.
A Secretaria de Saúde vai instaurar um inquérito para investigar a atitude do motorista. "Ele vai responder pelo ato irresponsável no atendimento à paciente", afirma o diretor da secretaria, Edílson Martins.
Quanto ao acompanhamento de enfermeiros nas ambulâncias, Martins informou que como não há UTI móvel e as ambulâncias são apenas para remoções, os enfermeiros vão apenas em casos graves. "Conforme a informação passada pelo solicitante, enviamos ou não enfermeiro", diz Martins. Desde o início do ano são feitos pedidos à Secretaria de Saúde para que enfermeiros acompanhem o motorista.
Além da falta de enfermeiros, os veículos têm constantes problemas mecânicos. Ontem, na remoção de um paciente, o motorista foi obrigado a esperar porque a ambulância não tinha partida.
Abusos
De acordo com chefe da Divisão de Transporte da Secretaria de Saúde, Edevaldo Louzano, as ambulâncias atendem uma média de 90 solicitações diárias e em 80% dos casos não há necessidade de enviá-las ao local. "Em vários casos a ambulância serve de táxi para pessoas que não necessitam desse tipo de atendimento." Louzano conta que houve caso do motorista esperar a paciente terminar de tomar banho. "Com isso outras pessoas deixam de ser atendidas."
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