Enquanto servidores da Prefeitura descansavam por causa do Dia do Funcionário Público, comemorado nesta segunda-feira (28), os comerciantes de rua foram à luta e mudaram a cara da Rua XV, no Centro de Curitiba.
Num trecho de 220 metros, entre o chafariz que fica em frente à Avenida Marechal Floriano Peixoto e as Lojas Renner, a reportagem constatou ao menos 15 comerciantes com seus produtos à mostra que incluíam DVDs, bijuterias, bonecas, chapéus, relógios e até réplicas de iPhone. "Não tem fiscalização, então aproveitei para trabalhar", foi a justificativa de todos que conversaram com a Gazeta do Povo.
Entre os vendedores estava a peruana Cheron Ribeiro, que mora em Curitiba há nove anos. "Não sabia que era feriado. Quando descobri, corri para pegar meus produtos e vender aqui na rua", conta. A comerciante, que entrou no ramo por não ter encontrado oportunidades quando chegou ao país, já criou raízes: tem um filho brasileiro de quatro anos. "O movimento não está dos melhores, mas está dando para conseguir algum dinheiro", diz.
O conterrâneo de Cheron, Abel José, de 22 anos, também aproveitava a folga da fiscalização para vender seus produtos. Ele faz viagens entre seu país natal e o Brasil há três anos. "Decidi vir para cá para me aventurar. Não sabia nem que falavam português por aqui", conta ele, que já adquiriu experiência com o comércio de rua por ter trabalhado em estações de metrô em São Paulo. Para Abel, os clientes estavam tímidos nesta segunda-feira, mas, ao longo dos 10 minutos de conversa com a reportagem, foi abordado por cinco clientes que queriam saber o preço dos relógios e bonecas que vendia conseguiu vender uma por R$ 25.
Em meio a tantos brinquedos e produtos de artesanato, o comerciante Fabrício Roseno se destacava e não apenas pela latinha de cerveja em mãos. Em seu mostruário, estão "réplicas da melhor qualidade e com preço justo": relógios e óculos a R$ 50, camiseta de time de futebol a R$ 100 e até um iPhone a R$ 250. Em relação à fiscalização da Prefeitura, ele é direto. "É só uma maneira que o governo encontrou para tomar dinheiro da pessoa que mora na periferia", dispara.
Houve inclusive quem aproveitou a falta de fiscais para conseguir dinheiro para ajudar os outros. O "palhaço Cheiroso" trabalha na Rua XV diariamente decidiu tirar a fantasia e, nesta segunda, foi de Luciano Santos para vender balões infláveis com figuras de personagens animados. Dos 50 que trouxe, já havia vendido metade deles por R$ 10 cada. Ele, que tem outros bicos, conta que mantém o hábito de visitar hospitais infantis. "Do dinheiro que consigo com a venda de balões, separo uma parte para comprar brinquedos que dou para crianças doentes. Ser o responsável pelo sorriso delas não tem preço", comenta.
Veja fotos do comércio ambulante na Rua XV