A aposentada Iracema Ribeiro de Souza, 71 anos, moradora de Paranavaí, no Noroeste do estado, sofreu um princípio de enfarte quando seguia espontaneamente para a cadeia anteontem. Ela teve a prisão decretada pela Justiça por problemas no pagamento da pensão da neta, uma adolescente de 15 anos. O filho de Iracema, Mariozan de Souza, não faz o depósito de R$ 116 mensais desde abril. Ele sumiu da cidade. Nesses casos, a Justiça determina que a pensão seja paga pelos avós.

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No dia 22 de janeiro, Ângela Maria Pereira, de 50 anos, também aposentada, foi presa em Curitiba, porque seu filho estaria devendo, há quase um ano, a pensão alimentícia da filha dele, de 12 anos. Ângela foi solta no dia seguinte, depois que três dos seus cinco filhos fizeram uma "vaquinha" e fizeram um empréstimo para saldar a dívida no valor de R$ 3 mil.

Baixa renda

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Segundo o advogado da aposentada de Paranavaí, Antônio Marcos Solera, a dívida está em torno de R$ 1.600, incluindo os juros. O problema é que a aposentada teria renda de apenas um salário mínimo e ainda precisa gastar dinheiro com remédios para vários problemas de saúde. Solera disse que ela sofre de ataque epilético, tem uma ponte de safena, usa marca-passo há 20 anos e no começo de 2006 sofreu derrame cerebral leve.

Quando ficou sabendo que seria presa pela primeira vez em sua vida, anteontem cedo, a aposentada pediu para ser levada à delegacia, temendo que fosse algemada e posta em uma viatura policial na frente de casa. O advogado conta que ela chegou a arrumar as roupas em uma sacola plástica, mas, antes de chegar à cadeia, pediu para ir ao fórum confirmar o mandado de prisão. Quando o documento era lido, ela sofreu o ataque e desmaiou. Foi socorrida pelos bombeiros e levada à Santa Casa, onde continuava internada ontem à tarde com o estado de saúde estável.

A defesa da aposentada informou ontem que, com base no Estatuto do Idoso e no princípio da dignidade humana previsto no artigo primeiro da Constituição Federal, entrou com pedido de prisão domiciliar para Iracema no fórum da comarca local e com pedido de habeas-corpus no Tribunal de Justiça do Paraná. Até ontem à noite, porém, a situação estava indefinida.