A capital paranaense obteve os melhores resultados entre 17 cidades da América Latina avaliadas pelo Latin American Green Index, o Índice de Cidades Verdes da América Latina, realizado pela Economist Intelligence Unit para a Siemens e divulgado ontem na Cúpula Mundial de Prefeitos sobre o Clima da Organização das Nações Unidas, na Cidade do México. A pesquisa é inédita e foi feita entre abril e outubro deste ano, compreendendo dados também de 2008 e 2009, na maioria dos casos de fontes oficiais, como prefeituras e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na análise foram consideradas oito categorias (energia e CO2, uso do solo e prédios verdes, transporte, resíduos, água, saneamento básico, qualidade de ar e políticas ambientais) e 31 itens de avaliação (16 quantitativos e 15 qualitativos). De forma geral, todas as seis cidades brasileiras pesquisadas (Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre) ficaram acima da média nas análises, muito por conta da matriz energética as hidrelétricas considerada uma das mais limpas pelos especialistas.
A categoria de uso do solo e construções, por outro lado, foi o ponto mais negativo. "Isso se deve, principalmente, à existência de muitas ocupações irregulares na região e a falta de dados sobre elas", explica o chefe do setor de pesquisas da Economist, Leo Abruzesse. A falta de dados, aliás, foi uma das maiores dificuldades da pesquisa. A ideia inicial era fazer o estudo considerando também as regiões metropolitanas de cada cidade, mas isso não foi possível.
O planejamento urbano de cerca de 50 anos de história e a famosa campanha do SE-PA-RE lançada no fim dos anos 1980 são dois dos principais fatores que contribuíram para os bons resultados de Curitiba. "Esses resultados não são algo de agora, mas de uma história de planejamento desde o Plano Agache de 1960 e também do esforço do povo curitibano, que sempre participou ativamente das políticas da sua cidade", disse o prefeito Luciano Ducci, presente no encontro.
Segundo ele, a capital paranaense deve inovar mais uma vez daqui a dois meses quando terminar o levantamento que vai gerar um índice de emissão de CO2 inédito no mundo e medir não só quanto Curitiba gera, mas também quanto absorve do gás. A parte do estudo sobre a captação, segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, José Antônio Andreguetto, também presente no evento, já está pronta.
A pesquisa
No ano passado, o índice verde foi feito para 30 cidades europeias e nos próximos dois anos também será feito com os continentes africano e asiático. "A ideia é que a partir de 2012 tenhamos um cenário global e a oportunidade de iniciar uma série histórica sobre a condição da sustentabilidade nas grandes cidades do mundo", explica um dos diretores da Siemens mundial, Pedro Miranda, responsável pela estratégia corporativa da empresa de olho no que pode ganhar ajudando cidades a serem mais sustentáveis. A expectativa é que o faturamento de 25 bilhões de euros/ano que representam os produtos verdes da empresa hoje (um terço dos ganhos totais) passe para 40 bilhões de euros/ano até 2014. Quanto no Brasil? A empresa não quis revelar. O certo é que, de acordo com as ONU, mais de 50% das pessoas no mundo moram em cidades e que a concentração da população em metrópoles é uma tendência mundial.
A jornalista viajou a convite da Siemens