Amigos do estudante Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13, disseram à polícia que estão arrependidos de não terem acreditado na confissão do jovem, que disse ter matado os pais, a avó e a tia-avó. A revelação foi feita, segundo os colegas, no último dia 5, minutos antes do início das aulas.
As investigações da Polícia Civil apontam que o garoto foi à escola horas depois de matar os parentes, voltou para casa, na Brasilândia, na zona norte de São Paulo, e cometeu suicídio.
Segundo policiais, um dos amigos do único suspeito pelo crime chorou muito durante o depoimento que prestou ontem, principalmente após dizer que ouviu a confissão de Marcelo . Ele se arrepende de não ter feito nada evitar o suicídio do garoto.
Os policiais que ouviram os três colegas de classe do menino disseram que todos estão abalados psicologicamente. Para um dos colegas, Marcelo confessou ter matado os pais; para o outro, a avó e a tia-avó. Um dos alunos afirmou que Marcelo lhe perguntou: "Se eu morrer, você vai sentir minha falta?". Os dois estudantes disseram não ter acreditado em Marcelo, porém à noite, ao saber da tragédia, contaram aos pais o que ouviram.
Amigos disseram que ele criou no colégio um grupo chamado "Os Mercenários", que defendia os assassinatos dos pais e de pessoas importantes, baseado no jogo de videogame "Assassin's Creed". Desde o início das investigações, essa foi a primeira vez que alguém revelou a confissão de Marcelo.
Novas imagens
No início da noite de hoje, o telejornal "SPTV", da Rede Globo, mostrou imagens de Marcelo após ele sair da escola, por volta das 11h50. No vídeo, o menino caminha com dois amigos por uma rua próximo ao colégio onde estudavam, na zona norte da capital paulista.
Ao voltar pelo mesmo caminho, o menino aparece sozinho e arruma algumas vezes a cintura da calça. A polícia investiga se na segunda parte do vídeo o menino estava com uma arma na cintura.
O caso
De acordo com a principal linha de investigações, Marcelo matou a família, dirigiu com o carro dos pais até a escola, frequentou as aulas de manhã e retornou para casa de carona. Na sequência, ele se matou.
A Polícia Militar disse que investiga também a acusação de que Andreia teria sido convidada a participar de roubos a caixas eletrônicos. A informação foi dada pelo deputado estadual Olímpio Gomes (PDT), major da reserva da PM. Ele denunciou o caso à Corregedoria da corporação.
Luis Marcelo Pesseghini, 40, pai do menino, era sargento da Rota. A mulher dele, Andreia, 36, era cabo do 18º Batalhão. As outras vítimas moravam na casa nos fundos: a mãe e uma tia de Andreia, de 65 e 55 anos.
A casa onde a família foi morta não teve a cena de crime totalmente preservada. A informação consta de nota divulgada na terça-feira (13) pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
"O departamento [Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, DHPP] apenas confirmou afirmação da imprensa de que o local "não estava totalmente idôneo". Isso, evidentemente, não quer dizer que houve violação proposital da cena do crime", diz o texto.
Sebastião de Oliveira Costa, 54, parente das vítimas, disse que chegou à casa às 17h45 do dia 5 e que havia ao menos 30 PMs dentro dela, antes da chegada da perícia.Peritos constataram nessa semana que os disparos poderiam ser ouvidos a 50 metros da casa da família. Nenhum vizinho, no entanto, disse ter ouvido os disparos.