Outros casos
Veja um resumo dos outros dois romances que constam no livro:
D. Pedro I e a Marquesa de Santos
O príncipe veio com sua esposa Leopoldina ao Brasil, mas ela sempre sofreu com D. Pedro I porque ele era dado às mulheres. Ele se apaixonou por Domitila, que mais tarde receberia o título de Marquesa de Santos. D. Pedro I, com o passar do tempo, deu mais importância à amante do que à esposa, que só definhava de tanta tristeza. Leopoldina relatou em cartas à irmã que o marido teria batido nela na frente da amante e que a humilhação já não era mais suportável. Quando Leopoldina morreu, dizem que D. Pedro I teria chorado muito e se arrependido de ter magoado tanto a esposa.
Oswald de Andrade e Pagu
O escritor era casado com a pintora Tarsila do Amaral: os dois eram o casal símbolo do modernismo, tanto que ficaram conhecidos como Tarsiwald, como se fossem uma pessoa só. Oswald, porém, acabou se apaixonando por uma jovem escritora, chamada Patrícia Galvão (a Pagu). No início, parece que Tarsila até aceitou o triângulo amoroso (e intelectual), mas não demorou muito para o casal se separar. Tarsila se sentia traída por Oswald, mas principalmente por Pagu, a quem chamou pejorativamente de "a normalista".
Fonte: livro Amores proibidos na história do Brasil.
O amor não tem idade, cor ou classe social e diversos episódios da História brasileira comprovam a veracidade desse ditado. São muitas as ilustres personalidades nacionais que sofreram do coração, principalmente com as paixões proibidas, de Dom Pedro I a Oswald de Andrade. São sete os casos de amores arrebatadores que o pesquisador Maurício Oliveira estudou para lançar, pela editora Contexto, o livro Amores Proibidos na História do Brasil. "Atravessei por dois séculos da História do Brasil, tendo como pano de fundo os romances", afirma Oliveira, que é também jornalista e mestre em História Cultural. "Me senti meio confidente ao ler tantas coisas pessoais", diz o autor.Dom Pedro I, o príncipe enlouquecido por mulheres, se apaixonou por Domitila e, dizem, matou de tristeza a esposa Leopoldina. Do período colonial, o caso mais emblemático, sem dúvida, é o da escrava Chica da Silva que conquistou o coração do fazendeiro João Fernandes e, por tabela, a própria liberdade. Dois séculos depois houve ainda mulheres, como Maria Bonita e Anita Garibaldi que, casadas, decidiram largar tudo para fugir com desconhecidos. E o perfeito casal do modernismo, Oswald e Tarsila do Amaral, conhecidos como Tarsiwald, deixou de existir quando ele se encantou por outra escritora.
Fortuna
O caso que mais surpreendeu Oliveira foi o do homem retratado como um senhor sério, defensor da abolição da escravidão no Brasil, e que também era um jovem galanteador. Joaquim Nabuco se apaixonava e desapaixonava facilmente. Durante uma viagem de navio à Europa, onde passaria um ano gozando de vida boa após a formatura, conheceu a jovem Eufrásia Teixeira Leite. Ela e a irmã ficaram órfãs e com uma fortuna inestimável. Nabuco não era pobre, mas não tinha tantos bens quanto Eufrásia. Ela, seguindo a orientação do falecido pai, que não raras vezes alertou as irmãs para se cuidarem com possíveis golpistas, gostou de Nabuco, contudo resistiu ao casamento para não correr o risco de um golpe financeiro. O jovem, sedento de paixão, teve vários casos amorosos e casou-se com outra. Eufrásia morreu sozinha, sem herdeiros, e sua fortuna foi destinada a obras sociais.
Abandonados
Os casos das mulheres que abandonaram seus maridos também são emblemáticos. Ana Maria, depois conhecida como Anita Garibaldi, vivia na pequena cidade de Laguna com Manuel, um homem simples que não era chegado a afetos e, diziam, não "dava no couro" porque não conseguia realizar o sonho da mulher de ficar grávida. Foi justamente Manuel quem convidou Giuseppe para tomar um café na casa dele. O italiano, ao se despedir, já resumiria o que iria acontecer. Falou a Ana: "tu devi essere mia". Ela partiu com ele e morreu na Itália, em decorrência de uma doença. Mais tarde Giuseppe, em carta, registrou um sentimento de culpa por ter tirado Anita de sua vila, onde poderia ter vivido mais tempo, e por ter acabado com a vida do marido dela.
A outra história, de Maria Deia, depois conhecida como Maria Bonita, teve um desfecho parecido. Maria disse a um cangaceiro que admirava Lampião. Sabendo disso, ele foi até a sapataria onde ela trabalhava, intimando-a a ir com ele. Ela, que também era casada, largou tudo para viver uma história de amor. Acabou com o ventre dilacerado e degolada ainda viva.
Assassinatos foram parar na literatura
A literatura retratou dois casos de amores proibidos. Um deles é sobre Inês de Castro, de Portugal, que, além de aparecer em um trecho de Os Lusíadas, teve várias cantigas (e trovas) que a homenagearam. Inês era uma dama galega que foi a Portugal no séquito da princesa Constança, casada com D. Pedro (filho de Afonso IV), em 1340. "Ao que tudo indica, D. Pedro teria se apaixonado por Inês logo na sua chegada, atraído pela sua beleza", explica o professor do curso de Letras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Marcelo Sandmann, da área de Literatura Portuguesa. As relações entre Inês e D. Pedro começaram quando Constança estava viva, o que gerou um escândalo na corte. Quando Constança morreu (ao dar à luz o futuro rei D. Fernando), D. Pedro, contra a vontade do pai, passou a viver com Inês.
Sandmann explica que, em janeiro de 1355, quando D. Pedro sai para caçar, Inês é surpreendida em sua residência pelo sogro, três conselheiros e outros homens. "Eles foram justamente no intuito de executá-la. Foi degolada."
A morte dela resultou em confronto entre D. Afonso IV e o filho D. Pedro. O sogro morre em 1537 e, quando D. Pedro sobe ao trono, uma de suas primeiras medidas foi mandar executar os dois conselheiros responsáveis pela morte de Inês.
O romance não era bem aceito por questões morais, porque Inês e D. Pedro eram primos e porque casamentos de príncipes eram definidos por questões diplomáticas e não pessoais. Também havia o medo de que os filhos de Inês disputassem com os filhos de Constança o trono de Portugal, o que efetivamente aconteceu.
O caso italiano
As informações sobre o romance que terminou em sangue de Paolo e Francesca, em grande parte, constam na obra de ficção A Divina Comédia de Dante Alighieri (em Inferno, no canto V). O fato é que o casal efetivamente existiu. Francesca, que nasceu por volta de 1255, filha de Guido da Polenta governador de Ravena , foi entregue como esposa para Giovanni Malatesta, senhor de Rimini, para selar um acordo de paz entre as famílias, mas ela acabou se apaixonando pelo cunhado, Paolo. "O poeta Bocaccio apresenta outra versão. A de que Francesca fora enganada, pensando que iria se casar com Paolo, mas que só descobriu que seria com Giovanni no momento do casamento", diz o professor do curso de Letras da UFPR Guilherme Gontijo, da área de Literatura Romana. Segundo descreve Dante, Giovanni teria flagrado os dois juntos e cometido o assassinato naquele momento de fúria."
Chica da Silva trocou paixão pela liberdade
O fazendeiro João Fernandes teve de negociar muito para conseguir conquistar seu grande amor. Isto porque a escrava Chica da Silva era a predileta do seu dono português, Manuel Sardinha, médico que também era juiz do Tejuco (atual cidade da Diamantina MG). João tentou negociar com Manuel a compra de Chica, mas isso estava fora de cogitação. Então, a solução foi buscar ajuda com o vigário local: a desculpa era a de que não ficava bem ao português viver com duas mulheres sob o mesmo teto (ele tinha um caso oficial com outra escrava também). Manuel resolveu ceder e decidiu vender Chica. O comprador foi João.
Chica teve sorte. O fazendeiro concedeu a ela o que tanto desejava, a liberdade, sem pedir nada em troca. Encheu a mulher de joias e a transformou em uma dama da sociedade. Chica não teve como não se apaixonar por um homem que só a tratava bem. Viveram por um bom tempo juntos até que João teve de ir a Portugal assumir os negócios do pai. Chica ficou solitária e pediu às filhas, que estavam no convento, para voltarem (já que os filhos também haviam ido a Portugal). Em 1779, ela recebeu a notícia que mais temia: João morrera aos 52 anos. A vida dela nunca mais seria a mesma.
Chiquinha Gonzaga
Divorciada duas vezes, a cantora Chiquinha Gonzaga foi se apaixonar justamente por um rapaz 36 anos mais jovem que ela, João Batista Lage, de 16 anos. Para tentar fugir dos comentários maldosos da sociedade, Chiquinha saia com João e dizia a todos que era seu filho (mas poderia ser até o neto dela). Ela morreu aos 85 anos com Joãozinho segurando suas mãos.
Serviço:
O livro Amores Proibidos na história do Brasil é da editora Contexto, tem 160 páginas e preço sugerido de R$ 33.
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