A preocupação com a falta de segurança para pousos e decolagens não é exclusividade dos usuários do Aeroporto de Cascavel, que no início do mês deixou temporariamente de receber voos das companhias Azul e Trip depois que um avião teve problemas durante a aterrissagem. Três aeroportos do interior do Paraná Goioerê, Arapongas e Palotina , destinados a aeronaves de pequeno porte, foram interditados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) entre o fim do ano passado e julho deste ano por falta de condições de funcionamento. Em Campo Mourão, o aeroporto está aberto com restrições: o transporte de valores está proibido e somente voos diurnos são permitidos.
Após vistorias, constatou-se que os espaços apresentavam riscos elevados para as operações aéreas e agora as prefeituras correm contra o tempo para fazer as obras necessárias. Entre os problemas apontados pela agência estão más condições do asfalto das pistas e falta de sinalização.
Para as prefeituras, o maior problema para viabilizar as melhorias é a falta de recursos. "No nosso caso, não eram muitas as exigências, mas o processo levou tempo porque o município não tinha orçamento disponível. Nos últimos oito anos, investimos cerca de R$ 1 milhão no aeroporto, mas as finanças do município não permitem muito mais", afirma o gerente do Aeroporto Alberto Bertelli, de Arapongas, Valentim José Carlos Pavezi.
Segundo o coordenador de pesquisa e planejamento aeroviário da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Seil), Gino Schlesinger, o Paraná conta com 40 aeroportos públicos, quatro deles administrados pela Infraero, empresa ligada ao governo federal: o de Londrina, o de Foz do Iguaçu, o Afonso Pena (São José dos Pinhais) e o Bacacheri (Curitiba). Os outros 36 são mantidos pelas prefeituras municipais.
O governo do estado não tem papel ativo na gestão dos espaços. "O que fazemos é receber as demandas dos municípios por verba e ajudar com recursos dentro das possibilidades do estado", explica Schlesinger.
Atualmente, a Seil trabalha na elaboração de um plano aeroviário. O objetivo é estabelecer diretrizes para os investimentos no sistema paranaense de aeroportos e criar uma rede entre os aeroportos menores. "O foco será na construção de novos aeroportos e reforma dos que já existem. Por enquanto, estamos em fase de estudo, mas no início do ano que vem devem começar as primeiras iniciativas."
Vistoria
Periodicamente, a Anac realiza vistorias nos aeroportos. Emitido o parecer, a entidade determina um prazo para os terminais cumprirem as exigências e se adequarem às normas. Caso as mudanças não sejam feitas no tempo estipulado, as pistas são interditadas.
Palotina foi notificada há cinco anos
Segundo Nivaldo Antonio Domingos, secretário de Viação, Obras e Serviços Públicos de Palotina, no Oeste do estado, a prefeitura foi notificada em 2007 quanto a problemas no Aeroporto Brasílio Marques. "O município teria de fazer uma série de melhorias, mas quase nada foi feito. Até foi aplicada uma multa de R$ 35 mil, mas recorremos e conseguimos a isenção desse valor."
Diante de uma nova notificação, a prefeitura iniciou algumas obras, mas elas não foram suficientes para convencer a Anac a manter o aeroporto aberto e há um ano as pistas foram interditadas. "Agora estamos fazendo a pintura das faixas, numeração das pistas, operação tapa-buraco, melhoria na cerca de proteção do aeroporto e o corte de algumas árvores que atrapalhavam os pousos e as decolagens", diz. A expectativa é de que as obras acabem em alguns dias e o aeroporto volte a operar até o fim do ano.
Goioerê
Segundo a Seil, a prefeitura de Goioerê, na Região Centro-Oeste, realizou as reformas pedidas pela Anac e deve pedir a liberação do aeroporto nas próximas semanas. Procurado durante quatro dias, o técnico responsável pelo terminal nem atendeu as ligações nem retornou para confirmar a informação.