Um em cada quatro idosos do país não sabe ler ou escrever. O pior índice está no Nordeste| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

Extremos

Os estados de Tocantins, Paraíba, Pernambuco e Bahia tiveram os maiores aumentos nas taxas de analfabetismo. Alagoas é a unidade da federação com o pior índice: 22% dos habitantes de 15 anos ou mais não sabe ler nem escrever.

Os melhores resultados estão na Região Sul, que reduziu a taxa de analfabetismo de 4,9% para 4,4% e agora é a região com menor índice, superando o Sudeste, que mantém os 4,8% de analfabetos de 2011. Santa Catarina é o estado com a menor taxa de analfabetismo do país, com 3,1%.

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Pela primeira vez em 15 anos, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos de idade ou mais aumentou no país, interrompendo uma tendência de queda contínua que se acelerou principalmente desde o fim dos anos 1990. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2012 (Pnad), divulgada ontem pelo IBGE, o porcentual foi de 8,4% para 8,5% entre 2011 e 2012, atingindo um contingente de 12,7 milhões de analfabetos no país.

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INFOGRÁFICO: Analfabetismo por idade e região

As maiores taxas de analfabetismo estão nos grupos com idade mais avançada. Entre os brasileiros com 60 anos ou mais, o porcentual chegou a 24,4%. Já na outra ponta, a menor taxa foi entre jovens de 15 a 19 anos (1,2%).

Por região, o Nordeste lidera historicamente esse indicador e concentrava em 2012 mais da metade do total de analfabetos de 15 anos ou mais de idade. Entretanto, nos últimos oito anos, foi no Nordeste onde a queda foi mais elevada (de 22,5% para 14,4%). Entre 2011 e 2012, o percentual caiu nas regiões Sul (4,9% para 4,4%) e Norte (10,2% para 10%).

A gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira, disse que o fenômeno precisa ser estudado. "As taxas de analfabetismo entre as populações mais velhas são muito altas, cerca de 30%, enquanto entre a população mais jovem são pequenas. A população vai se escolarizando, a tendência é que o analfabetismo caia. Então, ante a estabilidade ou elevação de 0,1 ponto porcentual, precisamos entender melhor o que aconteceu", comentou ela.

Na avaliação de Eliane Andrade, professora do departamento de educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da UniRio, a redução da taxa pode perder ritmo, uma vez que os analfabetos que restam no país são cada vez de mais difícil inclusão, citando idosos e moradores de áreas rurais. "A tendência é que se chegue em uma taxa em que é difícil conseguir grandes variações", afirma. A especialista também afirma que o aumento de 2011 para 2012 não foi expressivo e pode estar dentro de uma margem de erro da pesquisa.

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Escolaridade

A pesquisa mostra que a escolaridade aumentou no período avaliado. Houve crescimento do número de pessoas com nível fundamental de 31,5% para 33,5%. O índice de pessoas com nível superior completo aumentou de 11,4% para 12%. Foram 14,2 milhões de pessoas concluindo a faculdade no ano passado, aumento de 6,5% ante 2011. Já a taxa de escolarização das crianças e adolescentes de 6 a 14 anos de idade ficou estável (98,2%).

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A pesquisa do Pnad mostra que outros indicadores de educação melhoraram. A média de anos de estudo entre a população com 10 anos ou mais subiu de 7,3 para 7,5 de 2011 para 2012. As mulheres dedicam mais anos ao aprendizado na escola: são 7,7 anos ante 7,3 anos dos homens.

Além disso, a presença de crianças de 4 ou 5 anos nas escolas aumentou de 77,4% para 78,2% no período. Nas faixas de 6 a 14 anos e de 7 a 14 anos ficou estável em 98,2% e 98,5%, respectivamente, mas já num nível elevado. Em outras faixas houve alta, exceto no de 25 anos ou mais, em que ocorreu uma queda de 4,5% para 4,1%.

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Entre 2011 e 2012, houve redução significativa na proporção dos analfabetos funcionais, passando de 20,4% para 18,3%, mas 27,8 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade têm menos de quatro anos de estudos.

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