O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, afirmou, nesta sexta-feira (27), que a falta de energia ocorrida no Rio de Janeiro nos últimos dias vai gerar multa para a Light, e que o valor será estabelecido em duas semanas.
"Com certeza deve ter consequências para a empresa, mas isso é o menor problema. A empresa tem contrato e metas de qualidade a serem cumpridas e obviamente, quando não atinge, tem consequências", disse Hubner.
A onda de calor que tomou o Rio de Janeiro não pegou de surpresa só a população. A própria Light, principal concessionária de energia elétrica do estado, admitiu em seu relatório que o calor fez com que a empresa operasse acima da sua capacidade. A informação também é de Hubner.
Ele assistiu, no prédio da Bolsa de Valores do Rio, no Centro, ao leilão de 11 linhas de transmissão e oito subestações, do qual participaram 13 empresas nacionais e uma espanhola.
"Nos últimos 10 anos, o mercado estava muito estabilizado. E essa onda de calor acabou pegando de surpresa a própria empresa, que trabalhou agora com limites de carregamento do circuito muito acima do que ela trabalhou nos últimos anos. A empresa não pode trabalhar com limites tão apertados. Ela tem que ter um sistema configurado para essas situações".
Para o diretor-geral da Aneel, o problema não foi de falta de investimento, já que a Ligth, segundo ele, trabalha com valores acima da média estabelecida pela Aneel.
"Vamos avaliar se esses investimentos estão sendo de fato direcionado para atender a essas necessidades".
Segundo Hubner, a concessionária admitiu que houve problema no sistema subterrâneo, que alimenta as regiões que foram afetadas.
Esta semana, a concessionária foi obrigada a fornecer relatórios diários sobre a situação no estado do Rio. Ele entende que são necessárias ações de emergência para solucionar o problema.
CPI Aneel
Hubner também falou sobre a CPI da Aneel, que ameaçou indiciá-lo por conta da cobrança irregular de tarifas pelas concessionárias. Ele afirmou que está tranquilo.
"A Aneel está tranquila em relação as suas ações e a tudo que ela tem feito. Tudo que tinha de passar de informação nós passamos e todos nós sempre temos a preocupação de ter uma tarifa cada vez mais adequada, uma tarifa mais baixa para o consumidor. Mas acreditamos que esse não é um problema tão simples de achar que é por causa de uma atuação da Aneel", disse o diretor-geral da agência.
Leblon consome energia acima da média
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Luiz Carlos Guimarães, afirmou que os moradores do Leblon, onde faltou luz durante quase 24h esta semana, são os que mais consomem energia elétrica no Rio.
Ele levou em conta o índice DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor), utilizado pela Aneel para medir quanto tempo, em média, cada consumidor fica sem usar energia elétrica por ano. Segundo Guimarães, a média do país é de 16h; na Região Sudeste é de 11h; e, no Leblon, a média é de apenas 1h.
Para ele, a queda de energia no bairro nos últimos dias foi um fato excepcional: "A questão é pontual, é um fato que lamentavelmente se sucedeu ao apagão e acaba gerando essa complexidade, essa preocupação".
Multa
As concessionárias de energia elétrica do Rio podem receber multa de até 1% do faturamento bruto anual da empresa, se ficar comprovado que há problema de gestão, como equipamentos sem manutenção, falha na operação e falta de troca de equipamento, segundo a Aneel.
Quando o problema é de força maior, como ventos e chuvas fortes, a empresa pode ser absolvida da penalidade.
Desde o dia 10 de novembro, quando um apagão atingiu boa parte do país, o Rio de Janeiro sofre com constantes falta de luz. Além de moradores, comerciantes também registram muito prejuízo com o problema. Desde a segunda-feira (23) foram diversas ocorrências em vários pontos do Rio e da Baixada Fluminense.
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