Patrocínio Paulista Contra todas as previsões, a anencéfala Marcela de Jesus Galante Ferreira, 27 dias de vida completados hoje, continua vivendo. Ela reage como que assustada quando toca o telefone no quarto da Santa Casa de Patrocínio Paulista, em São Paulo, onde está internada. Quando alguém põe o dedo perto de sua mãozinha, ela o agarra, como qualquer bebê. Cúmulo da surpresa, a pequena mamou no peito da mãe, a agricultora Cacilda Galante Ferreira, 36.
Considerada um verdadeiro milagre, ativistas de organizações antiaborto estão fazendo um documentário sobre a vida de Marcela. Todos os dias, rodas de orações são formadas no hospital. Manifestantes da organização Santa Gianna Beretta Molla vão rezar freqüentemente na presença do bebê. Santa Gianna, a santa antiaborto, foi canonizada pelo Papa João Paulo II em maio de 2004, seu exemplo foi ter-se recusado a fazer um aborto quando, grávida, os médicos lhe disseram que levar a gestação a termo a mataria. Conforme a previsão dos médicos, ela morreu ao dar à luz. A criança viveu. Dois milagres atribuídos a Gianna, garantiram-lhe a canonização, ambos no Brasil, apesar de a santa ser italiana (de Milão) e nunca ter estado em vida por aqui. Segundo o ginecologista e obstetra Thomaz Rafael Gollop, professor da Universidade de São Paulo, Marcela de Jesus tem os hemisférios cerebrais destruídos, um diagnóstico fechado de anencefalia e um prognóstico certo: o da progressiva deterioração de seu organismo, até o perecimento.
O chefe do setor de neurologia infantil da Universidade Federal de São Paulo, o professor adjunto Luiz Celso Vilanova, explica que, na anencefalia, uma parte do cérebro, o córtex cerebral, responsável pelas funções mentais superiores, não chega a se formar. "Um bebê anencéfalo pode ter, no máximo, reações reflexas, como aquelas típicas do estado vegetativo, sem traço de consciência, afirma.
Diretora da Anis, ONG que é referência feminista em pesquisa sobre bioética, a antropóloga Debora Diniz tem assessorado mulheres grávidas de fetos anencéfalos.
Sobre Marcela de Jesus, Debora lembra que é uma exceção. "É à mãe que cabe decidir se deve ou não prosseguir com a gestação. O caso desse bebê só reforça a tese de que se trata de uma decisão que só cabe aos parentes e a mais ninguém tomar, diz.
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