Umuarama A criação ilegal de gado no arquipélago de Ilha Grande, no Rio Paraná, na divisa entre Paraná e Mato Grosso do Sul, pode ser mais uma porta para a entrada da febre aftosa no Paraná. Parte do território do município de Mundo Novo (MS), onde já há um foco da doença confirmado, vai até o Rio Paraná e está a menos de dois quilômetros das ilhas do parque de Ilha Grande.
A criação de gado no arquipélago está proibida desde a transformação da área em parque nacional, em 1997, mesmo para os 150 ilhéus que ainda habitam a reserva. Uma ação entre os organismos ambientais e a Justiça reduziu drasticamente as criações. Mas, aos poucos, o gado retorna às ilhas. Foi o que constataram, na semana passada, os fiscais da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), que foram ao parque vacinar compulsoriamente os animais contra a febre aftosa.
Segundo o coordenador-regional da Defesa Sanitária Animal, Jesus Pereira Camacho, são cerca de 120 cabeças de gado bovino criadas em vários pontos do parque, numa extensão de 100 quilômetros pelo Rio Paraná, entre os municípios de Guaíra e Icaraíma. Os fiscais chegaram a encontrar rebanhos de até 50 cabeças pertencentes a um único produtor na Ilha Bandeirantes, em Icaraíma.
Camacho revelou que nem todos os animais puderam ser vacinados porque alguns deles se embrenham na mata em meio à várzea. "A gente passa o dia todo para vacinar 20 cabeças e as que fogem podem ficar sem vacina", disse. Nos próximos dias, a equipe de fiscais voltará às ilhas para vacinar outros animais. A vacinação dos rebanhos é a única forma de impedir o contágio pela aftosa.
Os fiscais suspeitam que o gado esteja chegando às ilhas em pequenas embarcações. Ele sai de propriedades do Paraná e de Mato Grosso do Sul e se multiplica nas ilhas. Antes de ser transformada em parque, parte dos 78 mil hectares do arquipélago, com cerca de 300 ilhas, era ocupada pela pecuária.
O diretor do parque nacional, Alessandro Arboleya, afirmou que a Promotoria de Justiça de Icaraíma está obrigando o proprietário a retirar os animais da ilha Bandeirantes, mas encontra resistência. Ele disse que fará uma nova fiscalização no parque para cobrar a remoção dos animais.
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