Cerca de 2 mil brasileiros que moram e trabalham irregularmente na região de Ciudad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu, devem ser beneficiados pela Lei de Anistia do governo paraguaio. Equipes formadas por representantes consulares, do setor de imigração e da polícia recebem os pedidos até esta quarta-feira (17). A partir da concessão do benefício, os interessados passam a portar a carteira de migrante, em caráter provisório.
A Lei da Anistia vem beneficiar estrangeiros que encontram dificuldades para regularizar a situação no Paraguai. A maioria é de origem brasileira, árabe, chinesa e coreana, nacionalidades presentes em peso no comércio de importados de Ciudad del Este. Somente entre os brasileiros, os irregulares chegam a 60%, conforme estimativas do Centro de Orientação de Brasileiros em Ciudad del Este (Corbe).
No passado, muitos desses estrangeiros, incluindo brasileiros, tiveram dificuldades para conseguir o documento, segundo a coordenadora Corbe, Izabel Santos. "Teve gente que esperou 10 anos e nunca recebeu o documento porque pagava para atravessadores", diz. Os estrangeiros eram enganados por funcionários públicos que cobravam até US$ 2 mil, mas não entregavam a carteira.
Marilene Sguarizi, do Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior CRBE, diz que a procura pelo benefício superou as expectativas. Na segunda-feira (15), primeiro dia, cerca de mil pessoas fizeram o pedido, no entanto as autoridades aguardavam apenas 600. A anistia, segundo Marilene, foi concedida após um pedido feito ao presidente do Paraguai Federico Franco.
Trabalho
Com a carteira de migrante em mãos, os estrangeiros que recebem anistia podem, depois de 1,7 meses, requerer a carteira em caráter definitivo. Assim não precisam se esconder quando são realizadas blitze no comércio paraguaio e evitam constrangimentos caso sejam parados na aduana paraguaia.
O benefício atende não só quem já trabalha no Paraguai, mas também aqueles que fazem planos. O empresário brasileiro Pedro Baú pretende abrir uma importadora de cosméticos em Ciudad del Este e quer regularizar a situação no país para atuar no ramo comercial. "Sem a documentação não consigo abrir a empresa", diz.
