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Registro da Avenida Paulista, uma das vias mais famosas e importantes de SP | REUTERS/Nacho Doce/Arquivo
Registro da Avenida Paulista, uma das vias mais famosas e importantes de SP| Foto: REUTERS/Nacho Doce/Arquivo

Histórias de quem faz aniversário com SP

Agência Estado

Na sala de aula em que cursou o fundamental, em uma escola pública na Avenida Paulista, o paulistano Paulo Pernambuco dividia seu nome com outros 12 xarás. Todos "Paulos", todos pelo mesmo motivo: haviam nascido em 1954, ano especial, comemoração do Quarto Centenário da fundação de São Paulo. Todos, portanto, levavam no nome uma homenagem à cidade onde nasceram.

No caso de Pernambuco, havia outro motivo para se orgulhar: ele nasceu justo em 25 de janeiro - data exata da comemoração da fundação. Hoje, ele faz 59 anos. "Minha mãe conta que quando nasci foi uma festa enorme. A cidade estava parada, estouros de rojões para todo lado, ter um filho no clima de festa, segundo ela diz, foi uma satisfação", lembra o comerciante, que trabalha em loja de informática na Praça da República.

Hoje é dia de aniversário também de outro paulistano ilustre: o próprio prefeito, Fernando Haddad (PT), que completa seu 50.º aniversário justo no primeiro ano de mandato na cidade que governa. Apesar de ter falado sobre o assunto durante a campanha ele não quis dar entrevista para esta reportagem.

Além das comemorações públicas marcadas para hoje, haverá ainda outra homenagem à cidade, um pouco mais íntima. Hoje é o dia em que a bancária Sheila Ferreira de Almeida, de 32 anos, vai ter Luigi, seu primeiro filho - e de propósito, "para homenagear o amor pela cidade".

"Quando a médica disse que nasceria no fim de janeiro, não tive dúvidas: lembrei do aniversário da cidade e pedi o dia 25! Vai ser um verdadeiro paulistano!", disse.

Casada com o modelo gaúcho Luiz Fernando, Sheila redescobriu a cidade com o marido, que não conhecia São Paulo. "Foi quando decidi visitar com ele os pontos turísticos. Fomos ao Mercadão, ao Jardim Botânico, à Pinacoteca, à Estação da Luz, todos lugares especiais e que não podem passar batido", relembra a bancária, que agora se prepara para repetir, um a um, todos os programas. "Será a vez de apresentar as belezas paulistanas ao meu filho." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Com uma população de quase 11 milhões de habitantes e o mesmo número aproximado de visitantes anuais atraídos por farta opção de turismo de passeios e de negócios, a capital paulista comemora hoje (25) 459 anos de fundação. Além de um show no Vale do Anhangabaú, a cidade oferece nesta sexta-feira diversas atividades de lazer e cultura.

Conhecida como um lugar onde todos têm pressa, a cidade não para nem mesmo no dia do aniversário, embora nesta data muitos trabalhadores devem lotar as estradas para aproveitar a folga prolongada. No feriado, no entanto, deve ser maior o número de trabalhadores em atividade, já que há uma programação de eventos oficiais, além dos plantões em serviços essenciais e em outros ramos à espera de turistas ou de quem fica no município em busca de lazer e cultura.

Hoje, tudo é diferente daquele lugarejo encontrado pelos jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, em 1553. À época, a terra de Piratininga tinha abundância de água limpa em rios e córregos, muito verde e um povoado predominantemente formado por índios. As matas foram, em sua maior parte, substituídas por concreto.

O clima frio já não é mais tão frequente e o que se procura não são mais as pedras preciosas, mas outros tipos de riqueza gerada pela mescla de povos oriundos de todos os cantos do mundo. Além de ser um centro importante de negócios, a cidade tem mais de 100 museus, conta com 180 salas de espetáculos e milhares de restaurantes que oferecem desde os pratos mais simples do dia a dia dos brasileiros até os mais refinados da culinária nacional e internacional.

Para marcar os 459 anos, o principal evento oficial será uma sequência de shows no Vale do Anhangabaú, com um passeio musical por quatro períodos a partir da década de 1970. A abertura do show Quatro Gerações Cantam São Paulo será às 15h, com a apresentação da cantora Zélia Duncan, representando o estilo da década de 1980.

Ela traz o show Tudo Esclarecido, em que interpreta 13 canções em homenagem a Itamar Assumpção, morto há dez anos. No repertório estão Código de Acesso, Fim de Festa, Milágrimas, Vê se Me Esquece e Leonor. Mas Zélia também irá relembrar grandes sucessos de sua carreira como Catedral e Lá Vou Eu.

Em seguida, às 17h, sobem ao palco os representantes do estilo rap dos anos 2000, com Criolo e Emicida . Depois, às 19h, está prevista a apresentação do roqueiro Arnaldo Antunes, com canções dos anos 1990. A última apresentação vai ocorrer às 21h com a também roqueira Rita Lee, que apresentará sucessos da década de 1970, entre eles Mania de Você, Amor e Sexo, Doce Vampiro e Ovelha Negra.

Também em comemoração ao aniversário da cidade, o público contará com uma programação especial no Memorial da América Latina, onde às 16h haverá desfile de escolas de samba de São Paulo, saindo em frente ao Auditório Simon Bolívar. Uma hora depois, integrantes das alas das baianas vão fazer a lavagem da Mão da América, símbolo de união dos povos da América Latina, do arquiteto Oscar Niemeyer. Entre os sambistas estarão representantes das escolas X-9, Gaviões, Vila Matilde, Império da Casa Verde, Camisa Verde e Branco, Rosas de Ouro, Leandro de Itaquera e Acadêmicos do Tucuruvi.

O estilo musical será alterado às 19h, quando entra em cena o grupo Trovadores Urbanos, formado por seresteiros. Entre os clássicos estão Sinfonia Paulistana, de Billy Blanco, músicas dedicadas à lua, como Noite Cheia de Estrelas, Malandrinha e A Deusa da Minha Rua, entre outros sucessos, passando por melodias sertanejas e composições de Adoniran Barbosa.

Para marcar a data, será inaugurada às 10h, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera, a exposição Design da Periferia. A mostra, com curadoria de Adélia Borges, pretende valorizar a capacidade de criação da população brasileira.

Dividida em quatro módulos - rua, casa, corpo e brincadeiras - essa exposição tem objetos, fotografias e vídeos. No módulo rua, os destaques são para os os empreendimentos que ocupam o espaço urbano, os vendedores ambulantes, carroceiros de sucata, anúncios gráficos, modo de expor produtos. No módulo casa, poderão ser vistas as invenções domésticas; no corpo, o jeito de vestir, de pentear; e em brincadeiras estão as engenhosas releituras do tradicional universo infantil.

Em imagens captadas pelo fotógrafo baiano Adenor Gondim estão os móveis utilizados nas barracas de festas nas ruas de Salvador, com seus grafismos. Por meio das lentes do fotógrafo Titus Riedl, historiador alemão radicado no Crato, no Ceará, surge o cenário do comércio variado desse município nordestino e também de Juazeiro do Norte. A designer paulistana Fernanda Martins, que vive em Belém, mostra os letreiros dos barcos de várias cidades amazônicas.

Os jovens aprendizes da organização não governamental Observatório das Favelas levam para a exposição o cotidiano nas lajes das moradias de favelas cariocas. São exibidos ainda o jeito de se vestir e de arrumar os cabelos dos jovens de moradores do Campo Limpo, na zona sul da cidade.

Entre os locais de compra, estarão funcionando normalmente a Feira de Flores da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), que atende a clientela sempre às terças e sextas-feiras, das 5h às 10h30. Mais de mil produtores comercializam flores, plantas, gramas, mudas e artigos de decoração, entre eles frutíferas, vasos, acessórios e artesanato, no atacado e no varejo.

Ainda em homenagem ao aniversário da cidade, o Museu da Imagem e do Som (MIS) terá programação especial com a promoção, pelo segundo ano consecutivo, do Conexão Cultural, reunindo no mesmo espaço exposições, arte urbana ao vivo, música e gastronomia. No local, poderão ser vistos gratuitamente os murais do artista Eduardo Kobra, fotos e filmes Super 8 em que o público é convidado a compartilhar o trabalho.

O MIS terá também a presença de expressivos nomes da gastronomia, entre as 13h e as 22h, preparando pratos que irão simbolizar a diversidade paulistana. Barracas de pastéis, de cachorro-quente com salsichas artesanais, tacos e tostadas , além de ceviches e arepas, compõem o cenário. Das 15h30 às 19h30, quem passar por lá poderá assistir à apresentação do trio O Bardo e o Banjo, na área externa do museu. Das 13h às 19h, na área interna, o artista Cadu Mendonça desenha um painel que mistura seu traço pessoal à linguagem do graffiti.

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