A Associação Nacional de Jornais (ANJ) denunciou nesta quarta-feira (17) a intimidação de jornalistas por meio de ações judiciais de iniciativa de uma igreja no Espírito Santo. Ao todo, 16 ações movidas por pastores da igreja Maranata foram impetradas, simultaneamente, contra os diários "A Gazeta" e "Notícia Agora", ambos da Rede Gazeta com sede em Vitória.
As ações têm o mesmo teor e foram apresentadas, no mesmo dia, em quatro cidades de Minas Gerais, e seus autores são representados pelo mesmo advogado. Os pastores alegam que se sentiram ofendidos pela cobertura que os jornais fizeram sobre investigações realizadas pelo Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que resultaram na prisão de líderes da Igreja. Eles foram presos devido a evidências de desvio do dízimo recolhido de fiéis, além de outras irregularidades.
Em nota, a ANJ diz que, "como não poderia deixar de ser, reconhece o direito de todo cidadão de recorrer à Justiça em defesa de seus direitos, inclusive os de natureza moral. No caso, entretanto, é evidente que as ações representam uma tentativa de influenciar o Poder Judiciário contra a liberdade de imprensa, ameaçar o livre exercício do jornalismo e privar o cidadão do direito de ser informado".
A ANJ apontou ainda a semelhança entre este caso e a "operação" movida pela Igreja Universal do Reino de Deus contra a "Folha de São Paulo" em 2008. Na época, mais de cem ações foram impetradas a partir de diferentes locais do país.
A associação terminou a nota dizendo que "nessas circunstâncias, a ANJ manifesta a certeza de que o Poder Judiciário novamente rejeitará esse ardil, cujo único objetivo é dissimular práticas ilícitas e tolher o exercício da liberdade dos brasileiros de informar e serem informados".
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