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Funcionário dos Correios faz entrega de cartas no Centro de Curitiba. | André Rodrigues/Arquivo Gazeta do Povo
Funcionário dos Correios faz entrega de cartas no Centro de Curitiba.| Foto: André Rodrigues/Arquivo Gazeta do Povo

Com pessoas e empresas recorrendo crescentemente a meios digitais, o número de cartas enviadas em 2014 foi o menor em 15 anos.

Dados levantados pelos Correios mostram que 2,4 bilhões de cartas foram mandadas no ano passado. O número é cerca de 60% menor do que os 6,1 bilhões enviados em 2001, maior volume desde o ano 2000 – quando as correspondências passaram a ser organizadas de maneira comparável com a de hoje.

Segundo os Correios, entram na categoria “cartas” itens enviados por pessoas físicas e jurídicas (cartões, multas, notificações), mas não encomendas, telegramas ou marketing direto.

A queda no envio de cartas foi mais intensa entre 2002 e 2003–em torno de 23%. A partir de 2010, o número passou a orbitar os 2,5 bilhões. Ele nunca havia, contudo, chegado ao nível de 2014.

A diminuição ocorre mesmo com o crescimento da quantidade de pessoas e de empresas. Desde 2000, houve um aumento de 17% da população, chegando em estimados 202,7 milhões no ano passa do. Já a quantidade de empresas subiu em torno de 20% entre 2006 e 2012, quando havia 5,1 milhões delas. As informações são do IBGE.

“O tráfego de correspondência tem caído cerca 4% ao ano no mundo todo”, afirma a vice-presidente de negócios dos Correios, Morgana Cristina Santos.

Relações digitais

Ainda que não exista um estudo pormenorizado das informações, a estatal dá como certo que a tendência é ligada à crescente digitalização das relações comerciais e afetivas.

Duas estatísticas, também do IBGE, ajudam a dimensionar o aumento. Em 2003, 11,4% dos domicílios brasileiros tinham um computador conectado à rede. Em 2013, essa proporção chegou a 42,4%.

Outra questão importante é a posse de telefones celulares. Em 2013, 75% dos brasileiros tinham um aparelho, contra 36% em 2003.

Alguns tentam, a seu modo, resistir. A publicitária Patrícia Mello, 31, fundou há um ano em Campinas (SP) a ONG Amor em Cartas, que funciona assim: alguém pede à organização que mande uma carta para outra pessoa – a qual, na maioria das vezes, passa por uma crise pessoal.

A ONG aciona um voluntário que redige a mensagem enviada por correio. Nenhum dos elos sabe o nome do outro.

Mais de 1.600 cartas foram escritas por mil voluntários. “São coisas simples que as pessoas não sabem mais fazer. Hoje em dia é um e-mail com três palavrinhas e só.”

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