Ribeirão Preto e Araraquara A estudante Carla Sobrado Casalle, 21 anos, morreu quinta-feira em Araraquara (273 km de SP) de parada cardíaca, provavelmente decorrente de anorexia nervosa, doença que a obrigava a se submeter a tratamento há cinco anos desde o começo da semana, ela estava internada na Beneficência Portuguesa.
Carla é a segunda vítima de anorexia em menos de uma semana no dia 14, a modelo brasileira Ana Carolina Reston Macan, 21 anos, morreu com 40 kg, após uma infecção generalizada conseqüência de uma anorexia nervosa.
Carla tinha 1,74 metro, pesava 55 kg e usava manequim 34. Mas, na infância, era considerada uma menina gordinha e, segundo parentes, passou a consumir remédios para emagrecer em grande quantidade.
A estudante foi enterrada ontem. Segundo um tio de Carla, que pediu para não ser identificado, ela passou mal na segunda-feira de manhã e foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Beneficência Portuguesa, de Araraquara. Entubada, ela teve uma parada cardíaca. Os médicos a reanimaram, mas ontem, por volta das 6 horas, ela teve outra parada cardíaca e não resistiu.
A advogada Ilka Sobrado, tia de Carla, disse que a família registrou boletim de ocorrência a pedido do hospital o caso foi registrado como de "morte suspeita". Segundo ela, o laudo da morte divulgado pelo hospital concluiu que Carla teve intoxicação por excesso de ingestão de remédios. Ilka afirma que a família suspeita que Carla, mesmo em tratamento, tinha acesso a remédios para emagrecer sem receita médica por meio da internet.
O pai de Carla, o engenheiro civil Antônio Carlos Casalle que não vive com a mãe de Carla , disse que ficou sabendo pelo avô da estudante que ela comprava remédios para emagrecer por meio da internet, sem nenhum tipo de orientação médica.
Carla morava com os avós maternos e com a mãe e cursava Psicologia no Uniara (Centro Universitário de Araraquara) desde 2005. No entanto, segundo a universidade, desde o dia 26 de junho, a estudante não freqüentava mais as aulas e tinha autorização para fazer provas e trabalhos em casa em razão de sua saúde.
Em 2004, Carla ingressou no curso de moda das Faculdades Anhembi Morumbi, mas cursou menos de um ano, pois, após uma crise nervosa, os parentes acharam melhor levá-la de volta a Araraquara.
A avó dela, Maria Luiza Sobrado, disse que a neta já chegou a pesar 48 quilos. "Ela sabia que era bonita, mas se achava gorda. Mas ela não estava gorda." "É uma alucinação essa doença. É diabólica. Vai destruindo os neurônios. Ela ficou seis meses dentro de casa, ficava muito na internet", disse.
O tio de Carla afirmou que ela, mesmo com o tratamento que estava fazendo com o acompanhamento de um médico e de um psicólogo para conseguir escapar da anorexia, tomava diuréticos em grandes quantidades. "Aí, desequilibrou tudo", disse.