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"Operação Fênix"

Anotações mostram que Beira-Mar comandava tráfico de dentro de Catanduvas

 | Sossella
(Foto: Sossella)

O narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o "Fernandinho Beira-Mar" continua comandando o tráfico de drogas de dentro das Penitenciárias Federais de Segurança Máxima de Catanduvas, no Oeste do Paraná, e de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. A constatação foi da Polícia Federal (PF) que nesta quinta-feira (22) deflagrou a "Operação Fênix" em quatro estados - Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Onze integrantes da quadrilha de Beira-Mar foram presos. Os agentes apreenderam dentro da penitenciária de Catanduvas anotações que comprovam a ação de Beira-Mar de dentro da cadeia - principalmente no Rio de Janeiro. Entretanto, a PF suspeita de uma ramificação no Paraná.

Para comandar de dentro da penitenciária o tráfico de drogas, Beira-Mar utilizava familiares dele e de outros detentos para levar e trazer informações. "Essas informações chegavam no momento em que os presos recebiam as visitas", explicou um agente da PF, que pediu para não se identificar. Na cidade de Catanduvas, Beira-Mar montou uma estrutura - alugou casas, carros e táxis para servir à quadrilha. Esta estrutura, explica o agente, era para duas mulheres que faziam o serviço de "leva e traz" de informação: Rosimeri Batista de Freitas, de 36 anos, e Jaqueline Kely dos Santos Arantes, de 29.

Rosimeri mora em Catanduvas, mas foi detida na rodoviária de Campo Grande. "Essa ida constante dela para Campo Grande levanta a suspeita de que era ela quem passava informações para o Beira-Mar", explicou o policial federal. Jaqueline, assim como Rosimeri, mora na cidade paranaense, onde foi presa. Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa das duas mulheres. Nos locais, os agentes recolheram documentos e extratos bancários no nome de Jaqueline - que levanta a suspeita de que ela movimentava parte do dinheiro da quadrilha.

As duas mulheres não foram escolhidas por acaso pela quadrilha. Rosimeri é mulher de um preso de Catanduvas e Jaqueline é filha de José Cláudio Arantes - mais conhecido como "Tio Arantes". O "Tio Arantes" é apontado pela polícia como um principais chefes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul. Atualmente, o "Tio Arantes" ocupa uma das celas da penitenciária de Catanduvas, onde foram encontrados bilhetes e anotações que comprovariam as determinações dada por Beira-Mar de dentro para fora da cadeia.

Outros bilhetes foram apreendidos também na cela do paraibano Sydney Romualdo. Ele é apontado pela polícia como o chefe do PCC do Nordeste e também ocupa as instalações de Catanduvas. Ao todo, os agentes cumpriram dois mandados de busca dentro da penitenciária - nas celas de Romualdo e do "Tio Arantes". Todo o material recolhido será encaminhado para a Superintendência em Curitiba.

Além dos familiares, Beira-Mar usava advogados na quadrilha - todos, segundo a investigação da PF, com envolvimento em crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro, homicídio e tráfico de armas, entre outros.

A ação de Beira-Mar não se restringia apenas no Paraná. A "Operação Fênix" prendeu ainda a mulher de Beira-Mar, a advogada Jaqueline Alcântara de Morais, que é na casa dela no Rio de Janeiro com US$ 200 mil. A PF diz que Jaqueline é quem chefiava o esquema comandado pelo traficante. Outra pessoa detida seria o cunhado de Beira-Mar que estava acompanhado do filho do traficante. Apesar de não ter mandado de prisão contra ele, o filho de Beira-Mar quis acompanhar um dos acusados até a delegacia.

Os 11 mandados de prisão e os 34 de busca e apreensão foram expedidos pela 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba, especializada em crime organizado e lavagem de dinheiro. A ação da PF está sob comando da Coordenação de Polícia de Repressão a Entorpecentes e do Serviço Sul da Coordenação de Operações Especiais de Fronteiras.

O Departamento Nacional Penitenciário (DEPEN) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a coordenação geral de inteligência do órgão trabalha de forma integrada com o setor de inteligência da PF. Sobre as visitas, que acabam por levar e trazer informações, o Depen disse que elas acontecem no parlatório (um local onde um vidro separa o preso da visita) e, por direito constitucional, elas não são monitoradas - assim como as visitas íntimas das mulheres dos detentos.

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