Um anticorpo com potencial efeito terapêutico contra a esclerose múltipla, causa mais frequente da incapacitação neurológica em adultos jovens, oferece perspectivas de um novo medicamento para lutar contra a doença - segundo pesquisadores do Inserm, cujo estudo aparece na revista Brain publicada nesta quarta-feira (20).
Os pesquisadores desenvolveram esse anticorpo, que foi testado em ratos, e esperam passar, em breve, aos primeiros testes clínicos em humanos.
Afetando o cérebro e a medula espinhal, a esclerose múltipla é considerada uma doença autoimune, já que o sistema imunológico ataca seus próprios elementos.
As células imunológicas - em especial os linfócitos - deflagram a destruição da bainha de mielina que envelopa e protege os prolongamentos (axônios) dos neurônios, perturbando, assim, a transmissão do influxo nervoso.
As lesões sob a forma de “placas” se espalham pelo cérebro e pela medula espinhal. Elas provocam sintomas que variam muito de pessoa para pessoa. A doença atinge uma média de uma pessoa em cada mil.
O mais frequente é que a doença se manifeste por surtos, com a aparição de problemas motores, sensitivos e cognitivos, que voltam em algumas semanas. Ao longo dos anos, porém, esses sintomas podem evoluir para um dano irreversível.
Os tratamentos atuais reduzem os surtos e melhoram a qualidade de vida dos pacientes, mas não lutam contra o avanço da doença.
Para que as células do sistema imunológico que circulam no sangue atinjam o sistema nervoso central, elas devem superar a barreira hematoencefálica (BHE) e a barreira sangue-medula espinhal (hematomedular).
Apelidado Glunomab, esse anticorpo desenvolvido em laboratório impediu a abertura dessas barreiras, limitando, assim, a passagem dos linfócitos agressores.
A equipe testou seus efeitos terapêuticos em ratos afetados por uma forma de esclerose múltipla.
Depois de uma injeção intravenosa do Glunomab, o avanço dos problemas motores - como paralisia facial, ou total, dos membros - foi bloqueado. Nos ratos tratados, esse efeito foi associado a uma diminuição da infiltração dos linfócitos no tecido nervoso e a uma redução da destruição das bainhas nervosas.
“Esperamos poder iniciar os testes clínicos o mais rápido possível: em um primeiro momento, sobre a inocuidade do anticorpo e, então, sobre sua eficácia, se a inocuidade for verificada”, disse à AFP Fabian Docagne, que dirigiu o estudo.
“Para isso, procuramos parceiros [industriais, por exemplo] prontos para financiar testes que podem representar um investimento de vários milhões de euros”, acrescentou.
Essa pesquisa foi submetida a um pedido de patente.
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