O prédio abandonado em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, que antigamente abrigava uma sede do Corpo de Bombeiros, vai ser demolido. Ontem a Gazeta do Povo mostrou a insatisfação dos moradores da Rua Janiópolis, no bairro Cidade Jardim, onde fica o imóvel. Eles alegam que o local virou mocó para usuários de drogas e está todo depredado.
Após a denúncia, a prefeitura de São José dos Pinhais e o Detran (que é o responsável pela área) decidiram demolir o pouco que resta da construção, porque, a qualquer momento, ela pode desabar. "Existe risco para as crianças que vivem na região. Por conta disso, a Defesa Civil do município isolou a propriedade para que amanhã (hoje) ela seja derrubada", explica o coronel Ariovaldo Gouveia Sobrinho, da Secretaria Municipal de Segurança Pública de São José. A assessoria de imprensa do Detran confirma a informação de que a edificação será destruída.
Ocupação
Resolvido esse primeiro impasse, os problemas que envolvem a área devem persistir. O Detran alega que só vai efetivamente assumir o terreno depois que conseguir retirar do local uma ocupação irregular. Em um pedaço do terreno existem três residências que foram construídas há cerca de 15 anos.
As casas pertencem ao funcionário público Benedito Raimundo Oliveira, que mora em uma delas e emprestou as outras duas para parentes. De acordo com Oliveira, ele se mudou para o lugar em 1988. "Foi um acordo que eu fiz com a prefeitura. Na época, eu trabalhava em um hospital e ganhava auxílio-residência. Quando a prefeitura me convidou para trabalhar com eles, falei que só iria se tivesse onde morar. Eles propuseram que eu viesse para cá. E aqui estou até hoje", explica. Naquele tempo, a prefeitura de São José cuidava do terreno, entretanto a área sempre pertenceu ao estado.
Procurada pela reportagem, a prefeitura informa que somente o Detran poderá fazer algo, pois é proprietário da área. "Isto não compete ao município. Os donos devem entrar com uma ação de reintegração de posse. O senhor Oliveira, na época, foi para lá para zelar pelo local, mas não poderá fazer usucapião porque é um patrimônio público", explica o coronel Ariovaldo Gouveia Sobrinho. Oliveira se defende: "Sei que tudo isso não é meu. Mas tenho meus direitos e vou atrás deles. Aceito negociar, desde que me ofereçam um novo lugar para morar nas mesmas condições em que vivo aqui."
De acordo com a assessoria do Detran, o órgão já oficiou o município para saber porque as casas estão no terreno. Se não houver acordo, provavelmente um processo judicial será aberto para resolver o caso. Futuramente o local poderá receber uma unidade do Detran.