Já pssa de mil o número de pessoas desabrigadas, desalojadas ou que tiveram de deixar suas casas preventivamente em Antonina, no litoral do estado. Desde a madrugada de ontem, integrantes da Defesa Civil, da Polícia Militar e funcionários da prefeitura começaram a retirar moradores dos bairros Graciosa 1, Graciosa 2 e Portinho. Segundo o coordenador do Centro de Apoio Científico em Desastres da Universidade Federal do Paraná (Cenacid), Renato Lima, uma fenda no morro próximo a esses bairros oferecia riscos à comunidade. Técnicos do Cenacid e da Mineropar informaram que, caso volte a chover forte, há risco de novos desabamentos na região.A família de Joelma Martins Dias e André Meira Dias, que mora no bairro Portinho, começou a deixar ontem à noite o local. Eles carregavam eletrodomésticos e roupas no automóvel. André Dias, no entanto, se recusou a deixar o local. "Vou ficar de noite para cuidar da casa. Saio amanhã [hoje]", disse. Os policiais militares permaneceram no bairro para evitar saques.
Moradores da Rua Teófilo Gomes deixaram suas casas na madrugada de ontem e no final da manhã voltaram para buscar móveis e eletrodomésticos. Jéssica Daiane Dutra, uma das moradoras que deixou o bairro, foi para a casa da mãe, Jucélia, perto da Ponta da Pita. Júcelia abrigou outras 13 pessoas e está preocupada com os mantimentos. "Na casa a gente arruma espaço, o problema é ter comida para todo mundo", disse. Falta água e leite; verduras e carne já começam a faltar nos estabelecimentos consultados pela reportagem.
Outros moradores foram abrigados na Escola Municipal Gil Feres, onde até o final da tarde de ontem havia 60 pessoas. Segundo a coordenadora da escola, Luciclélia Lopes, o abrigo poderia receber até 200 pessoas. As aulas estão interrompidas pelo menos até quinta-feira. A escola utilizou a merenda escolar para preparar almoço.
Caminhões com água mineral, materiais de limpeza e higiene e alimentos chegaram durante todo o dia de ontem à Estação Ferroviária da cidade. As doações serão encaminhadas para quem está abrigado nos colégios. A cidade recebeu também cerca de 5 mil frascos de hipoclorito de sódio para desinfecção de água. No final da tarde de ontem, um caminhão-pipa enviado pela Sanepar distribuiu água na saída de Antonina para Morretes.
Somente os funcionários das secretarias de Saúde e da área de limpeza continuam na rotina.
Parte do comércio de Antonina, como restaurantes, também foi afetada pela falta de água, cujo abastecimento foi restabelecido somente em alguns pontos da cidade. O Hospital Dr. Sílvio Bittencourt Linhares, cuja sede mudou para um hospital particular, já que está sendo reconstruído, opera normalmente, mas médicos que residem em Curitiba tiveram de ser transportados para a cidade em um helicóptero da Defesa Civil.
Bancos
Em Morretes, parte do comércio já foi restabelecido e também já há água e telefone. O problema são as agências bancárias as quatro da cidade estavam fechadas ontem, sem previsão para reabrir. A lama e a água sujaram as agências e também danificaram os caixas eletrônicos. A gerente do Banco do Brasil, Eliane Mattoso, disse que toda a rede elétrica do banco terá de ser trocada. Técnicos do banco estão na cidade para consertar os caixas, mas o abastecimento depende dos carros-forte conseguirem chegar à região. Com isso, a fila da única lotérica da cidade alcançou o final da rua, com pessoas que tentavam pagar as contas ou retirar dinheiro, já que o sistema de cartões de crédito e débito está instável. Diferentemente de Antonina, não há falta de água ou mantimentos até o momento. O abrigo no Colégio Estadual Rocha Pombo está com cerca de 15 pessoas, segundo o prefeito Amilton de Paula, mas receberá mais moradores da localidade rural Morro Alto, mas ainda não se sabe estimar quantas pessoas, já que muitas irão para casa de parentes.