A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nota técnica na sexta-feira passada em que alerta sobre a ocorrência de infecções pós-cirúrgicas por micobactérias de crescimento rápido (MCR) em diferentes regiões do país, o que considera uma "emergência epidemiológica". As infecções estão fortemente relacionadas às falhas nos processos de limpeza, desinfecção e esterilização de produtos médicos.

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De acordo com a Anvisa, de 2003 até abril de 2008, foram notificados 2102 casos de infecção por MCR, distribuídos predominantemente em bancos privados do país. Há confirmação de casos nos estados do Rio de Janeiro (1.014), Pará (315), Espírito Santo (244), Goiás (230), Paraná (110), Rio Grande do Sul (79), São Paulo (43), Mato Grosso (21), Distrito Federal (16), Minas Gerais (10), Piauí (09), Mato Grosso do Sul (08), Bahia (02) e Paraíba (01).

Na última terça-feira, a secretaria estadual de Saúde do Espírito Santo anunciou a suspensão, por tempo indeterminado, das cirurgias de lipoaspiração e lipoescultura em todo o estado. No mês passado, uma paciente foi contaminada por uma bactéria. De acordo com a secretaria de Saúde, a contaminação ocorreu porque houve falha na esterilização dos equipamentos.

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Na maioria dos serviços de saúde investigados no país, os instrumentais cirúrgicos foram submetidos somente ao processo de desinfecção e não ao processo de esterilização, como é definido pela Anvisa. Também foi detectada a precariedade no funcionamento dos centros de material e esterilização dos serviços, já que não apresentavam registros e validação dos processos de limpeza, desinfecção e esterilização dos instrumentais cirúrgicos.

Para a contenção da emergência epidemiológica no país, a Anvisa divulgou alertas e atualizações sobre a ocorrência dos casos de infecções nos estados e publicou informes técnicos para profissionais com orientações sobre a bactéria. A Anvisa afirma que está diante de uma situação nova para os profissionais de saúde em todo o mundo. De acordo com a nota, as infecções por micobactérias, na proporção como as alcançadas no Brasil, não têm registro em outros países, se configurando epidemiologicamente uma "doença emergente", principalmente em relação às infecções causadas pela M. massiliense, bactéria que apresentou resistência a um dos produtos mais utilizados para esterilização.

A agência recomenda o monitoramento e acompanhamento sistemático, junto aos serviços de saúde quanto à realização dos procedimentos adequados de limpeza e esterilização dos equipamentos que possam ser reutilizados, de acordo com as normas em vigor.

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