Notificação deve elevar número de casos
Isadora Rupp
O número de casos de contaminação pela superbactéria KPC no Brasil deve crescer com a notificação obrigatória estabelecida pela Anvisa. A opinião é da chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba, Marta Fragoso.
No Paraná, o número de casos continua estável. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, há notificação de apenas 21 casos, mesmo número da semana passada. Só no Hospital Universitário de Londrina são 15. Em Curitiba, o HC registrou três casos e o Hospital Evangélico teve um paciente infectado há dois meses.
Marta Fragoso diz que em um dos casos o paciente foi a óbito. "A paciente foi internada em estado grave com uma doença neurológica. A situação ocorreria independentemente da KPC."
Segundo o chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e Clínica Médica do Hospital Evangélico, Sérgio Penteado, o paciente contaminado pela KPC era de outro estado, desenvolveu infecção urinária, foi tratado e recebeu alta rapidamente. "A situação está sob controle e não temos a bactéria circulando."
Para evitar novas ocorrências da superbactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC) e de outros micro-organismos resistentes a antibióticos, os hospitais e clínicas públicas e privadas do Brasil serão obrigados a colocar dispensadores com álcool em gel em todos os quartos, ambulatórios e prontos-socorros. As informações são da Agência Brasil.A norma foi aprovada ontem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para estimular a higienização de profissionais de saúde, uma das medidas mais eficazes para impedir a disseminação das superbactérias e conter as infecções hospitalares, como informou o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano. "O álcool em gel facilita o hábito de higienização, porque é mais fácil de acessar. Mas as pessoas podem continuar a lavar as mãos com água e sabão", afirmou. A nova regra deve ser publicada oficialmente na próxima semana. De acordo com o diretor, os hospitais terão um prazo de até 60 dias para adaptação.
Técnicos da Anvisa reuniram-se ontem, em Brasília, com especialistas em infectologia e microbiologia para discutir medidas de contenção e o cenário da KPC no Brasil. A carbapenemase é um tipo de enzima que provoca resistência de algumas bactérias aos antibióticos de uso habitual. A bactéria atinge, principalmente, pessoas com baixa imunidade que estejam hospitalizadas, como pacientes de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela pode ser transmitida por meio do contato direto, como o toque, ou pelo uso de um objeto comum. "As infecções são resultado de uma série de fatores, como as condições do paciente e o ambiente no qual ele se encontra. Quanto mais precárias as estruturas, as condições em que as equipes de saúde trabalham, mais precárias serão as condições em que os pacientes serão atendidos", explicou o diretor da Anvisa.
O Distrito Federal tem um surto da superbactéria. São183 casos confirmados e 18 mortes. Há registros de casos também no Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo e Paraíba.
Notificação
Apesar de as secretarias de Saúde já serem obrigadas a comunicar à Vigilância Sanitária sobre casos de infecção hospitalar, a Anvisa vai reforçar a responsabilidade dos órgãos estaduais em registrar os dados sobre contaminações pela superbactéria KPC, por meio de uma nota técnica a ser publicada na próxima semana. A Anvisa pode anunciar ainda medidas para frear o uso inadequado de antibióticos, apontado como causa da proliferação de bactérias multirresistentes.
Apesar do número de notificações, Dirceu minimizou os efeitos da superbactéria. "Os casos de infecções hospitalares com KPC não representam episódio excepcional em relação ao histórico", comentou. O diretor disse que as medidas adotadas nos casos de KPC são aquelas típicas de prevenção e controle, consideradas padrões. "Existem outros micro-organismos que são tão ou até mais prevalentes."
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