Ao menos 1.373 araucárias foram cortadas ilegalmente no Paraná nos primeiros sete meses de 2016. O número deve ser muito maior, mas é o que a fiscalização do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) conseguiu comprovar. Cortar a árvore-símbolo do estado é proibido por lei – salvo em algumas situações específicas, como quando ela pode cair. Como se trata de uma espécie ameaçada de extinção, o corte de cada árvore representa multa de R$ 500. Caso o desmate seja numa Áreas de Preservação Permanente (APP) ou o desmatador seja reincidente, o valor sobe substancialmente.
Não apenas casos envolvendo araucária foram detectados pelos técnicos do Instituto. A fiscalização identificou a derrubada de mata nativa. Foram 514 hectares (cada hectare equivale a um campo de futebol). Na semana passada, foram descobertos 27 hectares de desmatados na região de Guarapuava. A ação faz parte de uma força-tarefa do Instituto para fiscalizar as atividades de desmatamento ilegal, baseada em ações de campo e em imagens de satélite. A penalidade para quem corta mata nativa é de R$ 10 mil por hectare, além do processo por crime ambiental.
Em 2016, o IAP lavrou 550 autos de infração e as multas aplicadas somam cerca de R$ 6 milhões. O órgão ambiental não informou o levantamento do mesmo período do ano passado, para comparar se o número de cortes ilegais e autuações foi maior ou não. De acordo com a assessoria de imprensa do IAP, os fiscais estão percorrendo principalmente a região Centro-Sul do Paraná, que concentra boa parte das florestas mais conservadas do estado e também os casos mais frequentes de desmatamento.
Segundo o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado em maio, o município paranaense que mais cortou florestas nativas no último ano, com diminuição de 189 hectares, foi Prudentópolis, seguido por Lapa (163 hectares), Pinhão (123 hectares) e Bituruna (113 hectares). No acumulado dos últimos 30 anos, o Paraná foi o estado que mais suprimiu Mata Atlântica, sendo responsável por um quarto de tudo o que foi derrubado deste tipo de formação florestal no Brasil.
Autorização
No início de julho, o IAP suspendeu a concessão de autorizações de corte de araucárias em todo o estado. A interrupção foi recomendada pelo Ministério Público e vale por 60 dias, até que medidas de controle sejam repensadas. Apesar de ser uma espécie ameaçada de extinção, com apenas 0,8% da distribuição original em condições conservadas, o corte da árvore-símbolo do Paraná era liberado em algumas situações, como áreas de reflorestamento com araucária. De acordo com as ONGs ambientais, o IAP autorizou o corte de uma área equivalente a 693 campos de futebol, somente em 2014. Os números não levam em conta as derrubadas não autorizadas.
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