O consumo de narguilé já atinge ao menos 212 mil brasileiros acima de 18 anos, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde.
A pasta lançou uma campanha nesta quinta-feira (3) para desestimular o uso do produto, com mote de que o produto “parece inofensivo”, mas pode ser até mesmo mais prejudicial do que o cigarro.
A estimativa é que uma sessão de narguilé, que dura em média 20 a 80 minutos, corresponda à fumaça de 100 cigarros, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde).
Segundo Luiz Felipe Ribeiro Pinto, vice-diretor geral do Inca (Instituto Nacional de Câncer), que também participa da campanha, alguns fatores explicam esse cálculo.
O primeiro é o fato de que as substâncias utilizadas no narguilé não são submetidas a nenhum filtro. Outro fator está na maior concentração de fumaça inalada. “Ele multiplica em 20 a 30 vezes o risco de um fumante pesado. A capacidade de viciar também é muito maior do que um cigarro industrial”, explica Pinto.
“A mesma substância que provoca o vício, que é a nicotina, está presente em quantidades bem maiores, mas compactadas”, completa. “[Cigarro e narguilé] São dois produtos extremamente cancerígenos.”
“Essa ideia de que cachimbo de água é bacana precisa ser desmontada”, diz o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Dos 212 mil brasileiros que admitem usar o narguilé, 53% alegam fumar esporadicamente, 13% uma vez por mês, 27% uma vez por semana e 7% todos os dias.
Jovens são maioria entre os adeptos: 63% dos que declaram usar o narguilé têm entre 18 e 29 anos. Outros 37% estão entre 30 a 39 anos.
Entre as regiões, o Sul do país se destaca por ter quase metade do total de usuários, ou 46%. Em seguida, estão as regiões Sudeste e Centro-Oeste, com 31% e 20%, respectivamente.
A Pesquisa Nacional de Saúde foi feita em 63 mil domicílios ao longo de 2013. Os primeiros dados consolidados começaram a ser divulgados, no entanto, somente neste ano.
Tendência
Enquanto o número de fumantes vêm diminuindo no país, o uso de narguilé, segundo o governo, tem demonstrado sinais de avanço, sobretudo entre os mais jovens.
Não há, porém, dados consolidados sobre essa mudança. Números da PNS apontam que 5,5% dos usuários de narguilé eram homens com 18 a 24 anos.
Em uma pesquisa anterior, a PETAB (Pesquisa Especial de Tabagismo), feita em 2008, mas com amostra diferente, esse grupo correspondia a 2,3%.
Segundo o Ministério da Saúde, o consumo do narguilé favorece o surgimento de doenças respiratórias e também está relacionado a alguns tipos de câncer como pulmão, boca e bexiga. O produto também pode causar dependência devido às altas doses de nicotina, informa. O compartilhamento do produto entre várias pessoas também contribui para transmissão de doenças como herpes, hepatite C e tuberculose.
Lei antifumo
O narguilé também é um dos produtos proibidos pela lei antifumo, que entrou em vigor em todo o país em dezembro do ano passado. A lei proíbe fumar em locais totalmente ou até parcialmente fechados, seja por uma parede, divisória, teto ou até toldo.
Hoje, 10,8% dos brasileiros têm o hábito de fumar, segundo dados de 2014 da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde. Em 2006, esse percentual era de 15,6%.