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O primeiro encontro da auxiliar administrativa Juliane Caroline Lemos com o seu pai, o construtor Ademar Aquino Farias, 47 anos, ontem à noite, no bairro Xaxim, em Curitiba, foi marcado pela emoção. Juliane buscava o seu pai desde que nasceu, há 25 anos, e o encontrou por meio do site Good Angels, que mantém um cadastro de 200 mil pessoas desaparecidas.

A primeira conversa entre os dois se deu pela manhã, durante a transmissão de um programa da Rádio Capital, em São Paulo, onde o site mantém um quadro diário. "Eu não sabia que ele havia sido encontrado e que estava no ar. A voz engasgou e não saiu", contou Juliane. Para Ademar, a sensação de encontrar a filha que sequer sabia que existia mexeu completamente com a sua vida. "Estou desde anteontem, quando me ligaram para contar a história, sem dormir. Deixei até de trabalhar", disse.

Os dois nunca haviam se visto antes porque foram separados quando a mãe de Juliane, Luíza, ficou grávida. "Éramos jovens e tivemos uma relação conturbada", disse Ademar. Hoje ele é casado pela segunda vez, pai de cinco filhos e tem quatro netos. Juliane é casada e tem uma filha de 6 anos.

A auxiliar administrativa, que nasceu em Antonina e mora em Curitiba há dois anos, conta que desde criança sentiu a falta do pai. Buscava algum contato dele em listas telefônicas e tentava conversar com pessoas que pudessem dar pistas sobre ele. "Quando era adolescente fiquei mais atrás disso. Nunca passei um Dia dos Pais sem derrubar uma lágrima", diz ela, que fez o cadastro há dois anos.

O site foi criado por Walter Peceniski, 42 anos, que se tornou especialista em encontrar pessoas desaparecidas, após o reencontro com a sua filha israelense, Liat, em agosto de 2003. Peceniski já promoveu 50 mil encontros. "É muito difícil um caso como esse em que um pai acaba assumindo a filha numa boa", disse.

A separação de Ademar e Juliane ainda não é bem explicada. A auxiliar administrativa conta que conversou pouco com sua mãe sobre o assunto. "Ela me contou que ele ficou sabendo da gravidez, saiu da cidade e deu um cheque para que ela pagasse o aborto." O pai conta outra versão: "Eu nunca morei em Antonina. Conheci a mãe dela numa igreja em Curitiba, onde era músico. Foi uma paixão louca. Era casado e tinha dois filhos. Nos falamos duas vezes sobre a gravidez e nunca tive certeza se tinha ou não um filho".

A história certa não importa para Juliane. "Quero esquecer do passado e não tenho nenhuma mágoa. O que importa é daqui pra frente. Nunca mais quero perder o contato com ele", disse. Se depender de Ademar a aproximação vai ser intensa. "Tem um lugar para ela no meu coração e uma família numerosa para ela conhecer", disse.

Serviço: O cadastro de desaparecidos está no site www.goodangels.org. O serviço é gratuito.

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