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São Paulo – O senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), de 79 anos, morreu ontem às 11h40, por falência múltipla de órgãos. ACM, como era conhecido, deu entrada no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), em São Paulo, no dia 13 de junho, para fazer exames de rotina. O senador sofria de problemas renais, diabete e era cardíaco.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disponibilizou um avião da FAB para o translado do corpo do senador baiano de São Paulo para Salvador, onde será enterrado hoje por volta das 17 horas, no cemitério Campo Santo, onde está enterrado o filho de ACM, Luiz Eduardo Magalhães, que morreu em 1998. O velório ocorre no Palácio da Aclamação, que foi durante anos a residência oficial dos governadores do estado. Não haverá nenhuma homenagem oficial em Brasília, a pedido da família.

Personagem de destaque da cena política brasileira nos últimos 53 anos, ACM nasceu em 1927, em Salvador (BA). Formado em Medicina em 1952, nunca exerceu a profissão e começou a fazer política na vida estudantil quando presidiu o Grêmio do Ginásio da Bahia e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) na universidade.

Já em 1954 elegeu-se deputado estadual pela Assembléia Legislativa do Estado pela União Democrática Nacional (UDN). Em 1958, tornou-se deputado federal e foi reeleito em 1962 e 1966, dessa vez pela Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do governo militar. Foi prefeito de Salvador entre 1967 e 1970, nomeado pelo então governador Luís Viana Filho, e governador da Bahia em 1971, 1979 e 1991. Escolhido pelo presidente Ernesto Geisel em 1975, ACM presidiu a Eletrobrás.

Foi um dos fundadores do Partido da Frente Liberal (PFL, hoje DEM), juntamente com o ex-senador Jorge Bornhausen, em 1985, e ministro das Comunicações durante o governo do ex-presidente José Sarney. Tornou-se senador pela primeira vez em 1995, ocupando inclusive a presidência da Casa entre 1997 e 2001, sendo reeleito em 2002.

Outro ponto marcante de sua atuação foi o jornalismo. Como redator, trabalhou na Assembléia Legislativa da Bahia e no jornal "Estado da Bahia", dos Diários Associados, tornando-se posteriormente dono de uma rede de comunicações que inclui tevês, jornais e rádios.

Estilo

Dono de um estilo verbal contundente, implacável com seus adversários e detentor de uma presença quase hegemônica na Bahia em função das boas avaliações populares que obteve em seus governos, o senador foi qualificado como um "coronel" por seus oponentes que também lhe cravaram o apelido de "Toninho Malvadeza", principalmente pela fama de colecionar dossiês sobre seus desafetos.

Em 2001, rompeu com FH após a eleição de Jáder Barbalho (PMDB- PA) para a presidência do Senado, o que considerou uma traição. Na época, o Conselho de Ética do Senado estava iniciando uma investigação contra ACM por seu envolvimento na violação do painel eletrônico da Casa, durante votação da cassação do ex-senador Luiz Estêvão. ACM renunciou para não ser cassado. Durante o governo Lula, ACM alterou discursos. Chegou a apoiar o presidente, depois voltou a ser oposicionista ferrenho, à época da crise do mensalão, e, nos últimos tempos, adotou um discurso mais brando, sem deixar de criticar o governo. Em 2004, seu candidato à prefeitura de Salvador, César Borges, perdeu a eleição para João Henrique Carneiro (PDT), e, em 2006, foi a vez de seu candidato ao governo da Bahia, Paulo Souto (PFL), ser derrotado pelo petista Jacques Wagner.

Vida pessoal

Na vida pessoal, ACM enfrentou dois grandes dramas. Em 1986, sua filha Ana Lúcia Magalhães, de 28 anos, diretora do "Correio da Bahia", suicidou-se com um tiro na cabeça. Em 1998, enfrentou a morte de seu filho, o deputado Luís Eduardo Magalhães, aos 43 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

Luís Eduardo foi uma das grandes lideranças do PFL durante o governo FH. Presidente da Câmara entre 1995 e 1997, era muito próximo de FH e cotado para ser candidato à Presidência da República, numa aliança entre PSDB e PFL. Para pessoas próximas a ACM, o senador perdeu grande parte de sua força após a morte do filho e nunca mais foi o mesmo.

ACM convivia com problemas explícitos de saúde desde 1989, quando sofreu enfarte. Operado pelo cardiologista Adib Jatene, recebeu o implante de duas pontes de safena e duas mamárias.

Em 1991, foi operado em Londres para a retirada de três cálculos renais e, em setembro de 1999, foi submetido a uma biópsia na próstata, cujo resultado deu negativo.

Antônio Carlos Magalhães deixa a mulher, Arlete Maron de Magalhães, e dois filhos – Antônio Carlos Magalhães Júnior e Teresa Helena Magalhães, além de seu herdeiro político, o deputado federal pelo PFL na Bahia Antônio Carlos Magalhães Neto.

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