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Rio de Janeiro

Aos prantos, menina do caso da procuradora não pôde ser atendida

Choro e sinais de desespero marcaram a ida ao atendimento psicológico da menina que seria adotada pela procuradora Vera Lúcia Gomes. O profissional especizado da Polícia Civil, destacado para atendê-la, informou que, diante da reação, a criança de 2 anos não tem, por enquanto, a menor condição de ser avaliada.

"Ela me evitou completamente, chorava muito, ficou de costas e não tem a menor condição de fazer algum contato nesse sentido. É preciso respeitar os limites dela. A única coisa que ela aceitou foi uma escova de pentear cabelos", contou o psicólogo Gilberto Fernandes, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).

De acordo com Fernandes, o quadro se agravou quando as pessoas que estavam com ela (assistente social e psicólogo do juizado da infância e juventude e uma representante do abrigo) deixaram a sala.

Laudo do juizado

Segundo o profissional destacado para o caso, que só conseguiu ficar cerca de 10 minutos com a criança, o laudo feito pela psicóloga do juizado será analisado e pode ser utilizado.

"É uma psicóloga experiente, com 11 anos de experiência, e, se o laudo dela puder ser usado criminalmente, pode ser que seja utilizado. Outra alternativa é ir tentar entrevistá-la no abrigo, que é um ambiente dela", explicou.

"O depoimento de uma criança tem que ser tomado com todos os cuidados e por isso é preciso uma pessoa qualificada. Se o psicólogo constatar que ela foi vítima de violência, isso será formalizado num relatório que poderá ser usado numa ação penal", disse o delegado Luís Henrique Marques Pereira.

Procedimento

A ideia era que a menina fosse estimulada a falar sobre os dias em que esteve no apartamento da procuradora, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Através de desenhos, de expressão corporal e brincadeiras a criança poderia contar o que aconteceu, sem precisar que nada sobre o caso fosse perguntado especificamente, já que o objetivo principal é não provocar mais danos psicológicos à menina.

A procuradora é suspeita de ter agredido a menina, que tem apenas 2 anos. Segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML), a criança foi vítima de maus-tratos, encontrada com vários ferimentos pelo corpo. O Ministério Público recebeu na segunda-feira (3) o pedido de prisão preventiva feito pela delegada da 13ª DP (Copacabana). Ela é foi indiciada nos crimes de racismo e tortura.

Procuradora fez denúncias falsas para adotar bebê

De acordo com a polícia, Vera Lúcia Sant’Anna Gomes já teria feito denúncias falsas para tentar tirar o bebê de uma mãe que desistiu de dar a filha recém-nascida para adoção. O fato aconteceu em 2008.

Na ocasião, a procuradora aposentada teria cometido um crime de denunciação caluniosa, que dá entre 2 e 8 anos de prisão. Mas a delegada foi transferida; o inquérito, arquivado, e a procuradora nunca foi investigada.

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