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Os constantes cortes de energia prejudicam o funcionamento de várias lojas do Rio. A comerciante Ane Marques, dona de uma papelaria no Leblon, perdeu clientes durante toda a manhã de sexta-feira devido à falta de luz, que voltou somente por volta de meio-dia. Somente na última semana ela passou por três miniapagões.

"A Light foi clara ao explicar o motivo da falta de luz, dizendo que houve um problema no cabeamento", conta. "Só posso deduzir que a manutenção da rede não existe." Ela comenta que sem ter como ligar o ar condicionado, mesmo com a loja aberta, ninguém entra.

O comerciante Marcelo Vaz, dono de uma loja de ferragens no Leblon, calcula que deixou de ganhar de R$ 5 mil a R$ 8 mil devido aos miniapagões. "Muitos clientes meus são de idade, e não conseguem sair de casa sem elevador", afirma. "Tenho vendido mais lanternas e pilhas do que qualquer outra coisa, mas só lanternas e pilhas não fazem meu faturamento."

O fornecimento de luz em sua loja, que interrompido na noite de quinta-feira, foi restabelecido no início da tarde de sexta. "Tenho certeza de que não foi último [apagão]". Vou ter de me preparar para o próximo", prevê Vaz.

O blecaute em vários estados, as oscilações na rede e a pane nos cabos subterrâneos da Light (concesionária privada que explora o serviço de energia elétrica no Rio), que deixou 12 mil clientes sem energia por 24 horas no início da semana em parte da zona sul, fizeram os proprietários da churrascaria Quilograma mudarem a rotina no restaurante, em Ipanema. Até o fim do verão, a casa vai trabalhar com estoque reduzido – as compras serão suficientes para apenas dois dias de funcionamento.

"Foi o jeito que encontramos para minimizar os prejuízos", explica o gerente de compras, Orlando Mesquita. "Pagamos uma conta de luz mensal de R$ 5 mil em dia, somos sempre fiscalizados pela Light para não haver ligação clandestina, mas a companhia não consegue garantir o fornecimento na época de maior movimento, que é o verão."

O prejuízo maior veio com o apagão entre 15h50 de segunda-feira e 14h40 de terça-feira. Cerca de 150 quilos de alimentos, entre pratos prontos e sorvete foram parar no lixo. O computador que controla os cartões eletrônicos em que ficam registrados as despesas de cada cliente queimou. Cerca de 900 refeições deixaram de ser servidas – perda de R$ 20 mil no faturamento. A casa estuda cobrar judicialmente os prejuízos da Light.

No Nik Sushi, no mesmo bairro, Mayumi Pinto, sócia-gerente do restaurante, treinou um funcionário para desligar a rede em caso de falta de luz. Foi a lição que ficou depois que o Nik perdeu o sistema de computação no apagão que atingiu 18 estados. Mas a proteção não foi suficiente para salvar os peixes do aquário de água salgada, que enfeita o restaurante.

A água precisa ficar a baixa temperatura e ser oxigenada por uma bomba. Depois de um dia sem energia, o coral morreu, liberando uma toxina que contaminou o aquário. Uma estrela-do-mar, um blue tang (espécie da personagem Dory, do filme Procurando Nemo) e outros nove peixes não resistiram. Cada um custava entre R$ 300 e R$ 450.

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