A Comlurb informou no início da tarde desta segunda-feira (16) que apenas 50% do efetivo operacional para limpeza e coleta têm saído às ruas para realizar os serviços. O número é inferior ao determinado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na última sexta-feira. A Justiça exige que pelo menos 75% da categoria continue trabalhando para garantir a limpeza da cidade. Procurado por telefone, o presidente do Sindicato de Asseio e Conservação não atendeu às ligações.
Ainda segundo a Comlurb, desde que a greve foi deflagrada – na última sexta-feira – piqueteiros têm impedido o trabalho de parte dos garis da Comlurb. Alguns manifestantes têm usado violência e ameaças para impedir a entrada de trabalhadores nas gerências ou para parar os caminhões nas ruas próximas e forçar o retorno às garagens. Os piquetes estão acontecendo nas gerências da Comlurb, estações de metrô e locais de saída de caminhões. Vários casos de violência foram encaminhados a delegacias. Já foram registrados Boletins de Ocorrência na 29.ª DP (Madureira), 24.ª DP (Piedade) e 27.ª DP (Vicente de Carvalho). A Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) também está investigando a incitação à violência e o planejamento dos ataques pelas redes sociais.
De acordo com a Comlurb, apenas algumas equipes permanecem trabalhando. Para evitar novos registros de ataques violentos, os funcionários são escoltados por guardas municipais, policiais militares e escolta particular armada. Há garis sem uniformes. O número de funcionários que estão trabalhando, no entanto, não foi informado.
Cerca de 80 garis fizeram uma manifestação no Centro do Rio na manhã desta segunda-feira. Eles seguiram em direção ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), localizado na Avenida Presidente Antônio Carlos, onde participarão de uma reunião com representantes do sindicato para tentar um acordo coletivo. Os trabalhadores tinham a expectativa da presença de um representante da Comlurb, com uma nova contraproposta de reajuste salarial. No entanto, a companhia não compareceu. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, nenhuma reunião foi marcada oficialmente com a Comlurb. na última sexta-feira, quando aconteceu a audiência, ficou acordado que haveria uma reunião nesta segunda-feira, se a greve fosse suspensa pelos trabalhadores, o que não ocorreu. O sindicato quer um aumento de 40% mais a inflação.
No quarto dia de greve, as ruas da cidade amanheceram mais sujas. Na Lapa e no Centro, há bastante lixo acumulado. Em Laranjeiras, a sujeira espalhada pela Praça São Salvador incomoda moradores e comerciantes da região, que já se mobilizam para varrer o local. A vendedora Eliane Souza, de 35 anos, levou uma vassoura para ajudar a minimizar o problema. “Ninguém gosta de ficar na sujeira. Tento ajudar como posso. Trouxe minha vassoura e vou varrer o que der. Espero que essa greve termine logo”, disse.
No fim da noite de sábado (14), dois caminhões de coleta de lixo foram abordados por homens armados em Vila Isabel. Os trabalhadores foram ameaçados e obrigados a retornarem para a base. O mesmo ocorreu durante a tarde, por volta das 16h, em Piedade. A companhia não soube informar o número de ocorrências, mas afirmou que bairros das zonas Norte e Oeste, especialmente Piedade e Madureira, foram os mais afetados.