Foram 15 e não 16 os mortos no acidente com o ônibus que ia de Curitiba ao Rio de Janeiro e tombou na Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), na altura de São Lourenço da Serra (SP), na madrugada de domingo. Um dos nomes foi divulgado incorretamente pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. O último óbito oficial é o de Jucinéia Justino Leal, 42 anos, que morreu ontem no Hospital Geral de Pirajussara. Até o fim da tarde de segunda-feira, dos 33 feridos, 12 permaneciam internados.
Balanço da polícia divulgado ontem indica que apenas seis das 54 pessoas dentro do ônibus saíram ilesas, entre elas o motorista e um bebê de um ano de idade.
O ônibus da Viação Nossa Senhora da Penha perdeu o controle e capotou, por volta das 2 horas da madrugada, na altura do quilômetro 300 da rodovia. Entre os 55 ocupantes, incluindo o motorista, 13 morreram na hora. Pelos menos 11 vítimas moravam em Curitiba e região, entre elas a professora de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Jimena Aranda, que deve ser sepultada hoje na cidade de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro.
Ontem, tiveram alta uma criança de 7 anos e um homem de 30, que estavam internados no Hospital Geral de Itapecerica da Serra. Seis passageiros feridos permanecem internados no local, outros cinco estão no Hospital Geral de Pirajussara e um foi transferido para o Hospital Regional de Cotia, onde passará por uma cirurgia. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, o caso mais grave é o de uma mulher de 28 anos. Ela está na UTI, permanece respirando por aparelhos e sedada.
Um filme
"Foi como se estivesse em um filme." É assim que descreve a psicóloga Maria Elizabeth Amaral de Souza Lima, 60 anos, a sua experiência como uma das sobreviventes do acidente. "O que mais impressionou foi a rapidez com que tudo ocorreu. Quando percebi, estava de ponta cabeça", relata.
Moradora de São Bento do Sul (SC), Maria Elizabeth vem duas vezes por ano ao Rio visitar a família. Acostumada a longas viagens, a psicóloga sempre escolhia os assentos do andar de cima. Só que desta vez, acabou viajando no andar inferior, o que salvou a sua vida.
Presa de ponta cabeça pelo cinto de segurança, a primeira reação de Maria Elizabeth foi a de se soltar. Após se acalmar e se livrar do cinto, começou a procurar sua bolsa, para usar o celular. Neste meio tempo, ouvia pedidos desesperados de socorro dentro ônibus. Após encontrar uma das saídas de emergência, a psicóloga subiu um morro de terra escorregadio próximo à rodovia, onde se localizavam outras pessoas que já haviam saído do ônibus.
Após ser socorrida em um dos hospitais próximos, Maria Elizabeth voltou aos escombros do acidente em busca de informações. De lá, foi enviada para São Paulo, de onde pegou um ônibus para o Rio de Janeiro. A psicóloga chegou ao Rio às 21 horas de domingo, onde foi recebida pela neta, Cléo, 7 anos, e pelo filho, Fábio Lima. Ela se emociona ao lembrar dos momentos de solidariedade que se seguiram ao acidente. "No momento de sofrimento, recebi ajuda de pessoas que nem conhecia", diz.