Apenas seis das 21 testemunhas de acusação convocadas para depor sobre o confronto entre sem-terra e seguranças na Fazenda Experimental da Syngenta, que deixou dois mortos há um ano e três meses, compareceram ao Fórum de Cascavel, no Oeste do Paraná, nesta terça-feira (27). Na segunda-feira (26), metade das 20 pessoas convocadas faltou ao depoimento.

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Diante do grande número de ausências, o Ministério Público pediu vistas ao processo para definir quais das 25 testemunhas ausentes são realmente importantes para o processo. Elas deverão ser chamadas novamente para que prestem depoimento em audiência marcada para o dia 28 de maio. As sessões para ouvir as mais de 50 testemunhas de defesa foram marcadas para os dias 29 de maio e 1º de junho. "É um processo longo, mas tudo está indo um ritmo bom", afirmou o juiz Juliano Nanuncio, que presidiu a sessão.

Nos depoimentos desta terça-feira falaram policiais, agricultores e pessoas ligadas à empresa multinacional Syngenta. O gerente de pesquisa da empresa, Arnaldo Bellucci, foi um dos que foram ouvidos. Em seu depoimento, ele disse que a ordem para os seguranças era de que, em caso de invasão, eles deixassem a área, no município de Santa Tereza do Oeste, Oeste do Paraná, sem reagir, para que se evitasse confrontos com o que resultou na morte do líder sem-terra Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, e do segurança Fábio Ferreira de Souza. Bellucci saiu sem falar com a imprensa alegando não ter autorização da Syngenta para falar com os jornalistas.

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Confronto

O confronto que resultou nas duas mortes aconteceu no dia 21 de outubro de 2007, após uma invasão por cerca de 200 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) na fazenda da Syngenta. A área, onde a empresa realizava experiências com material geneticamente modificado, havia sido desocupada em julho daquele ano pelos mesmos sem-terra, depois de diversas liminares que determinavam a reintegração de posse.

Na tentativa de impedir a nova invasão, seguranças da empresa NF entraram em confronto com camponeses. Os seguranças presos na época confirmaram a participação no conflito. Eles afirmaram para a polícia terem sido contratados pelo Movimento dos Produtores Rurais para retirar pessoas que tentassem invadir a área.

Quatro seguranças e o dono da empresa NF, que havia sido contratada pela Syngenta, foram presos por conta do confronto. Dois sem-terra também tiveram prisão preventiva decretada, mas não chegaram a ser presos, pois estavam fora do país. Todas as prisões foram revogadas.

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