No encontro de ontem com Lula, Jorge Gerdau se declarou "um soldado" à disposição do presidente. "Menos para certas coisas", acrescentou, ao que ambos riram muito. Foi a senha de algo que Lula havia informado dias antes aos mais próximos: o empresário não será ministro. Nem da Fazenda, nem do Desenvolvimento. Na conversa de mais de hora, Gerdau ouviu o que está em debate no governo e expôs sua visão sobre medidas necessárias para acelerar o crescimento. Praticamente não houve discordâncias. Na despedida, Lula perguntou para onde ia o empresário. São Paulo. Como era este também o destino do presidente, ele ofereceu carona. Gerdau disse que estava com seu jatinho, mas aceitou o convite. Deixou o avião particular para trás e seguiu no AeroLula.
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Magoei Antes de dar entrevista ontem, Michel Temer procurou Eunício Oliveira, que tenta fazer a ponte entre os peemedebistas que estão com o governo desde sempre e o os que podem aderir a Lula. Reclamou que uma ala do partido tenta "humilhá-lo" e disse que não vai aceitar.
Daqui não saio Temer está isolado, mas pode se manter na presidência da legenda até março, quando expira seu mandato. Com isso, será um entrave à relação "institucional" dos governistas puro-sangue com Lula.
Assembléia Os bombeiros negociam para que Lula tome a iniciativa de chamar a Executiva Nacional do PMDB para uma conversa em breve. A lista de convidados incluiria não apenas Temer como representantes de todos os feudos internos do partido.
Terreno na Lua O ministro Walfrido Mares Guia e Flávio Martinez vendem na praça a idéia de que, se o segundo for reconduzido ao comando do PTB, o partido ganhará como recompensa o Ministério do Trabalho. O problema é que nem Lula lhes prometeu a pasta, nem a dupla dispõe hoje de maioria para tirar Roberto Jefferson da presidência da sigla.
Maníacos Presidente do PMN de Pernambuco, Sílvio Costa faz peregrinação em Brasília para convencer deputados do PPS, partido com o qual sua sigla se fundiu, a aderir ao governo. Ele calcula atrair pelo menos oito.
Depressivos Enquanto isso, o presidente do PPS, Roberto Freire, mantém firme o propósito de fazer oposição a Lula. A fusão das duas legendas, mais o PHS, dará à luz uma sigla que tem tudo para virar caso clínico: o PMD.
Mais um Francisco Rocha, ex-assessor do Ministério da Saúde que se licenciou para atuar na campanha de Lula, deixará o cargo. Citado pelos Vedoin como ponte para liberação de recursos, Rochinha nega que a decisão tenha relação com o escândalo sanguessuga. Diz que buscará "novos ares" no setor privado.
Fé Sem obter novidades no papelório que Fernando Gabeira (PV-RJ) viu em Cuiabá, a CPI joga fichas no resultado da quebra de sigilo da Vicatur. Os "aloprados" falaram com telefones não-identificados do Rio, e os dados da corretora podem elucidar tais contatos.
À margem 1 Ruben Siqueira, membro da Comissão Pastoral da Terra que negociou o fim da greve de fome de d. Luiz Cappio, prevê que o governo levará adiante a transposição do São Francisco. "A luta tende a se acirrar."
À margem 2 Siqueira acha que Jaques Wagner (PT-BA) adota "atitude ambígua", priorizando a revitalização do rio. Já Marcelo Deda (PT-SE), em seu entender, continua contra a transposição. "A disposição dos movimentos sociais da bacia é a de partir para ações contundentes", diz.
Grife José Roberto Arruda (PFL) conseguiu comprar o passe do titular da Fazenda paulista, Luiz Tacca, que assumirá a mesma pasta no DF. Cortador de gastos, ele terá missão dura: reduzir de 36 para 18 o número de secretarias.
TIROTEIO
* Do senador Heráclito Fortes (PFL-PI) sobre declaração do ministro da Defesa, Waldir Pires, segundo quem os atrasos atualmente verificados nos aeroportos devem ser considerados normais.
Sendo este o ano do centenário do primeiro vôo de Santos Dumont, o ministro passou a avaliar a aviação brasileira como se ainda estivéssemos na época do 14 Bis.