Cosedi afirma que há risco de queda de reboco do prédio. Síndico diz que ele mesmo pediu para que o reboco fosse retirado| Foto: Ivonaldo Alexandre/Agência de Notícias Gazeta do Povo

De acordo com a Cosedi há risco de incêndios no prédio

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Apesar da interdição do Edifício Don José, feita na manhã desta quinta-feira (5), pela Comissão de Seguranças de Edificações e Imóveis (Cosedi), órgão de fiscalização da prefeitura de Curitiba, os cerca de 300 moradores do prédio continuam ocupando os 144 apartamentos residenciais do local. O edifício, que tem 39 anos e 17 andares, fica na esquina das ruas José Loureiro e Monsenhor Celso, no Centro. Não há risco de desabamento.

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"O prédio está tudo normal, sem problema nenhum. Não sei por que o Cosedi fez isso", disse Maurício Cheratzki, síndico do condomínio Edifício Don José desde 1995. Ele afirma que ainda não foi notificado oficialmente da interdição. Foram colados cartazes da Cosedi do lado externo do prédio avisando sobre a interdição.

Segundo o engenheiro da Cosedi Jorge Castro, que esteve no prédio durante a manhã desta quinta-feira (5) e participou da ação, o edifício apresenta risco de desprendimento do revestimento da fachada, vidros de janelas soltos, além de problemas nas instalações elétricas e elevadores. Não há risco de desabamento. O prédio também abriga uma loja de calçados, um bar e lanchonete e um consultório odontológico. Por volta das 17h30 desta quinta todos os estabelecimentos continuavam a funcionar normalmente.

"O condomínio será multado se os moradores continuarem lá dentro. A multa pode chegar até R$ 20 mil e será aplicada a cada vez que fizermos a fiscalização e encontrarmos moradores lá dentro", afirmou Jorge Castro, da Cosedi. "Na segunda-feira (9) vamos tomar as medidas cabíveis com os nossos advogados. Estamos estudando o caso e provavelmente eu vou entrar com o mandado de segurança contra a prefeitura", disse Cheratzki.

O síndico afirmou que durante a tarde desta quinta foi até a Cosedi para ver o documento de interdição do prédio, mas não consegui ter acesso a ele. "Pediram para eu acionar um advogado", afirmou. Castro, por outro lado, disse que pela manhã mesmo o documento foi deixado na portaria do prédio, pois Cheratzki, que é médico do trabalho, estava trabalhando.

"A interdição é uma forma de pressionar o condomínio para fazer as melhorias no prédio. Há sete anos fiscalizamos e nunca mudou nada. O síndico já levou uma série de multas, mais de R$ 20 mil", afirmou o engenheiro da Cosedi. Castro disse que o condomínio não apresentou o laudo do Corpo de Bombeiros, da eletricidade, do elevador, de janelas, do revestimento da fachada e da estrutura do prédio. "Nunca apresentaram nada", afirmou.

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Em sua defesa, o síndico mostra um laudo assinado por um engenheiro particular, feito em 15 de agosto deste ano, que atesta que não há comprometimentos estruturais no prédio. "Levei o laudo na prefeitura e disseram que para eles isso não vale nada. Mas o documento é assinado por um engenheiro do Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia)", questionou. Cheratzki disse que a fiscalização da Cosedi foi motivada por uma denúncia de um morador que perdeu uma ação de R$ 50 mil para o condomínio.

Críticas

Uma moradora que entrou em contato com a reportagem, e pediu anonimato, afirma que há 4 anos mora no prédio e neste período o edifício só ficou pior. "Não houve nem um reparo sequer, apenas coisas fúteis. Os corredores internos estão deploráveis", disse. Outra reclamação é que o síndico está ainda no cargo porque tem procurações assinadas por antigos moradores.

Cheratzki se defende e diz que a cada dois anos são realizadas eleições no condomínio. "A legislação me permite concorrer quantas vezes quiser. Outros moradores também podem participar da eleição", disse. Ao ser informado sobre a denúncia da moradora, Cheratzki convidou a reportagem para acompanhar a próxima eleição no prédio, em 2010. Ele mora desde 1990 no prédio.

A reportagem também entrou no prédio e não viu nenhuma rachadura na estrutura da edificação. Está sendo colocado um corrimão nas escadas. O equipamento não tem emenda e já foi fixado até o 10.º andar. "Os bombeiros pediram para colocar o corrimão e a fita antiderrapante e uma escada em caracol, com proteção para as costas, na caixa de água. Estamos fazendo um acordo de regularidade com os bombeiros para terminar de colocar o corrimão e a escada. Dependo do serviço da metalúrgica. Isso não é feito da noite para o dia, vai demorar mais uns 45 dias para tudo ficar pronto", disse.

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Conferida

No momento em que a reportagem entrevistava o síndico na portaria, um morador chegou e viu os cartazes de interdição. O rapaz começou a perguntar e o síndico disse que o prédio não tinha nenhum problema na estrutura e eles não corriam nenhum risco. O síndico levou o morador até a garagem e explicou tudo o que tem sido feito no prédio. Ao ser questionado se algumas manchas em uma das vigas não poderiam ser infiltração, e sobre algumas pequenas rachaduras no mesmo local, Cheratzki foi categórico. "Isso não é infiltração não, claro que precisa de uma pintura, pode não estar bonito, mas não há risco", garantiu.

Sobre o risco de desprendimento da fachada, o síndico afirmou que ele próprio pediu para retirar parte do reboco "para não ter riscos para quem passa na rua." Segundo a Cosedi, uma nova vistoria deve ser feita nesta sexta-feira (6) e os moradores terão um tempo para deixarem o local.