Há cinco anos, um inventor de Maringá, no Noroeste do Paraná, trava uma batalha contra a Sanepar. O autodidata Nelson Rodrigues é o criador do polêmico eliminador de ar que, segundo ele, quando instalado antes do hidrômetro, garante diminuição do valor da conta de água entre 20% e 40%. Ele explica que uma válvula separa o ar que está na tubulação, expulsando-o por pequenos furos, mantendo o fluxo hídrico normal.
O Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) não aprovou nenhum aparelho do tipo até hoje, mas em resposta à Câmara Municipal de Bauru (SP), o instituto escreveu que o que move a medição do hidrômetro é "um fluxo de substâncias fluidas, como água, ar e outras". Portanto, é por essa razão que o ar do encanamento também pesa na conta dos consumidores. A engenhoca que tira o ar custa R$ 248 para uso residencial a até R$ 800 para uso comercial e industrial.
Em Londrina, no Norte do estado, uma lei municipal aprovada pela Câmara de Vereadores em 2002 permite que a Sanepar instale ou permita a instalação do equipamento de eliminação por empresas. Em âmbito estadual, a Assembléia Legislativa também aprovou naquele ano lei semelhante, mas que restringe a instalação do equipamento apenas pela Sanepar, às expensas do consumidor.
Laudo de estudo feito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) mostra que, na passagem de 360 litros de água, por uma hora, a quantidade de ar misturada pode chegar a 80 litros por hora. Durante o teste, a invenção de Nelson Rodrigues expulsou todo o ar da tubulação.
Apesar dos argumentos, a Sanepar proíbe os eliminadores de ar porque não são aprovados pelo Inmetro. A companhia ainda alega falta de segurança sanitária e justifica que, pelos pequenos furos por onde sai o ar, pode haver contaminação externa. Uma notícia no site do Governo do Paraná, de 12 de maio de 2007, acusa empresas de eliminadores de ar de ludibriar consumidores, afirmando que as contas aumentaram após a adoção do sistema.
Carlos Roberto Scalassara, representante de uma empresa de Londrina que comercializa a invenção de Rodrigues, afirma que já instalou mais de 400 equipamentos na cidade, mas que as ameaças da Sanepar são constantes. "Sem o equipamento, a passagem do ar pelo hidrômetro faz o relógio girar de 16 a 20 vezes mais", garante. "E as pessoas compram ar ou água da companhia?", questiona. Ele afirma que, como em qualquer negócio, há equipamentos piratas no mercado: "O consumidor deve ficar atento à idoneidade da empresa para não ser enganado".
Segundo ele, a Sanepar só pode retirar o eliminador comprado pelo consumidor diante de ordem judicial. Em 2005, a Justiça de Paranavaí inverteu o jogo e determinou que a companhia permitisse a instalação do eliminador. "O equipamento corrige uma distorção que tem provocado prejuízo ao consumidor", anotou o juiz Airton Vargas da Silva na sentença.