A confiança é a tônica do início de gestão de Rafael Greca (PMN) à frente da prefeitura de Curitiba. Tanto a retórica sempre otimista do novo prefeito quanto o dado revelado pelo Instituto Paraná Pesquisas de que 60,7% dos curitibanos têm a expectativa de que Greca fará uma gestão excelente ou boa destoam do quadro político geral. Pelo menos neste momento de transição, o discurso pessimista dos gestores e a posição desconfiante dos eleitores parecem distantes de Curitiba.
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Em contraste com esse cenário positivo que ronda a posse de Greca, a cidade tem uma lista de problemas a serem resolvidos: a crise econômica derrubou a arrecadação municipal; os ônibus estão cada vez mais caros, velhos e vazios; as grandes obras de infraestrutura urbana ou não saíram do papel ou não foram concluídas por falta de verbas federais; e a saúde é apontada por metade dos curitibanos como o maior problema da cidade.
Ao longo da campanha eleitoral Rafael Greca minimizou esses problemas e manteve sempre o discurso confiante e alegre. Depois de confirmada a vitória, as estratégias da gestão começaram a ficar mais claras.
Apoio do governo estadual
Um dia depois do segundo turno das eleições, o governador Beto Richa (PSDB) anunciou a volta da integração e do subsídio ao transporte coletivo de Curitiba.
A ação do governador deixou evidente a retomada da aliança entre a capital e o governo do estado, que havia sido rompida com a vitória de Gustavo Fruet (PDT) sobre o então candidato do governador Beto Richa, Luciano Ducci (PSB), em 2012.
A retomada do diálogo entre a cidade e o estado é importante para Richa e Greca tanto para permitir que cidade receba transferências estaduais voluntárias como para que o grupo do governador volte a dominar politicamente a capital do estado.
O que deixa evidente o retorno de Richa à prefeitura de Curitiba é o secretariado escolhido por Rafael Greca. Os aliados do governador foram nomeados para dez dos 24 cargos de primeiro escalão. Um dos escolhidos é o filho de Richa, Marcello Richa (PSDB), que assume a Secretaria de Esportes.
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A escolha de Richa, o filho, não foi a única a pôr em contradição a promessa que Greca fez durante toda a campanha de escolher o secretariado com base em aspectos técnicos. Para presidir a Cohab, o escolhido foi José Lupion Neto, irmão do ex-deputado federal Abelardo Lupion (DEM), que declarou apoio ao candidato do PMN. No comando do Instituto Curitiba de Saúde ficará a advogada Dora Pizzato, esposa do ex-deputado Luciano Pizzato, que foi candidato a vice-prefeito na chapa de Maria Victória (PP), que também apoiou Greca no segundo turno.
Nos outros cargos de primeiro escalão, o prefeito optou por servidores de carreira que já haviam ocupado cargos de destaques em gestões anteriores ao do prefeito Gustavo Fruet e outros nomes que têm ligação com as áreas onde atuarão.
O desafio das finanças
Uma das principais surpresas na equipe é o jovem procurador estadual Vitor Puppi, que comandará a Secretaria de Finanças. O advogado já ocupou a diretoria geral da Secretaria Estadual da Fazenda em 2013, quando a pasta foi comandada pela também procuradora Jozélia Nogueira.
“O desafio é justamente assumir as finanças do município em momento tão delicado, em que as receitas decrescem e as despesas crescem exponencialmente. O desafio é ter a obrigação e o dever de realizar as reformas que deveriam ter sido realizadas anteriormente e não foram, ocasionando atrasos no pagamento de fornecedores e colaboradores da cidade”, avalia o futuro secretário.
Para ele, o momento exige que se aja com responsabilidade fiscal, e isso será feito por meio da diminuição de gastos públicos, busca por recursos novos, aumento da arrecadação e enxugamento dos subsídios.
Câmara mantém tradição de apoio ao prefeito
Se os desafios na cidade são muitos, Rafael Greca não pode se queixar de dificuldades para a articulação política. A nova composição da Câmara Municipal de Curitiba manterá o tradicional governismo e o Executivo não terá dificuldades para compor maioria entre os vereadores.
O líder de Greca no legislativo municipal será o vereador Pier Petruzziello (PTB, foto), que vai para seu segundo mandato e nos últimos anos destacou-se como presidente da Comissão de Legislação, Justiça e Redação.
Segundo ele, mesmo que muitos vereadores da próxima legislatura tenham apoiado outros candidatos, os parlamentares estão dispostos a integrar a base de apoio. “Depois que termina a eleição todo mundo tem que pensar no que é melhor para a cidade. Vamos conversar no início de janeiro para definir quais vereadores ficam na base e quais estarão na oposição. Os vereadores que apoiaram outros candidatos já estão querendo conversar e compor”, diz Petruzziello.
Comando da Casa
Na Mesa Diretora da Câmara também terão mais espaço os aliados de Greca – tanto os de primeira hora quanto os que aderiram ao governo depois das eleições. Os nomes que devem ser eleitos na próxima segunda-feira (2) são o de Serginho do Posto (PSDB), na presidência; Bruno Pessuti (PSD), como primeiro-secretário; e Mauro Ignácio (PSB), na segunda secretaria.
Os outros cargos da Mesa serão compostos por Julieta Reis (DEM), Tico Kuzma (PROS), Cristiano Santos (PV) e Toninho da Farmácia (PDT).
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