As águas do rio Doce no centro de Colatina (ES) amanheceram nesta quinta-feira (19) misturadas com lama. Depois de duas semanas, os rejeitos de minério de Mariana (MG) começam a chegar à cidade capixaba, distante mais de 400 km do local do rompimento das barragens.
Segundo a prefeitura, a lama chegou ao centro do município por volta da meia-noite, duas semanas depois de uma das barragens da Samarco - mineradora formada pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP - se romper e criar um “tsunami de rejeitos”, que destruiu vilarejos de Mariana, causou a morte de ao menos sete pessoas.
A mais de 400 km de distância de Mariana, Colatina é totalmente dependente do rio para abastecimento de água. Desde quarta (18), o abastecimento foi interrompido e os 122 mil habitantes estão recebendo água em caminhões-pipa -1 milhão de litros foram distribuídos na quarta-feira (18).
Segundo a prefeitura, técnicos do Sanear (empresa de saneamento), que monitoram as águas do rio Doce, confirmaram que a lama traz rejeitos de minério.
Na terça (17), a prefeitura começou a instalar caixas d’água, com apoio dos bombeiros e Exército, nos bairros e distritos do município, para evitar confusões.
Apesar da operação, que inclui 130 homens do Exército, a cidade deve racionar água nos próximos dias.
Nas próximas horas, a prefeitura deve começar a usar as 30 toneladas que recebeu de de Tanfloc, um coagulante que acelera a decantação da lama e que foi empregado para tratar a água de Governador Valadares (MG), também afetada pelo “tsunami de lama”.
A previsão é de que, se o Tanfloc funcionar, o abastecimento por meio do rio Doce volte ao normal nos próximos dias. Por enquanto, cerca de 50 caminhões-pipa pegam água de outras fontes, como os rios Pancas e São João Grande e as lagoas do Batista e do Limão. Também pesquisa a viabilidade de utilização de duas adutoras.
O município diz que separou uma reserva de água para abastecer apenas hospitais e escolas.
A tragédia em Mariana ocorreu no último dia 5, quando a barragem do Fundão se rompeu. A lama devastou vilarejos da região -como o distrito de Bento Rodrigues-, atingiu municípios vizinhos e poluiu o rio Doce. Os rejeitos de minério se deslocaram ao longo do rio, chegaram a Colatina e vão desembocar em Linhares, quando atingirão o mar.
Desastre em Mariana
Doze dias após o vazamento dos rejeitos, a mineradora Samarco reconheceu que outras duas barragens próximas ainda podem ruir.
A preocupação é com os reservatórios de Santarém e de Germano, também em Mariana. Na semana passada, a empresa havia chamado de “boatos” informações sobre o risco de novo rompimento.