Do ano passado até esse último dia 2, a Campanha Nacional de Desarmamento retirou 62,5 mil armas de circulação. Com o aumento da indenização paga, porém, especialistas dizem que o volume de armas recolhidas pode aumentar. Desde 23 de novembro, quem entrega armas de fogo para a campanha recebe uma indenização que varia de R$ 150 a R$ 450 conforme o tipo de armamento. Até então, os valores variavam de R$ 100 a R$ 300.
Conforme o Ministério da Justiça, que coordena a campanha, nos últimos dois anos, foram pagos R$ 5,6 milhões em indenizações, a 53,2 mil pessoas. A posse e o porte de armas de fogo foram restritos no país a partir de 2003, com a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento. A primeira campanha de recolhimento ocorreu em 2004 e, até maio de 2011, era temporária. A partir dessa data, tornou-se permanente.
Conforme o coordenador de área de Sistemas de Segurança e Justiça do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, o governo federal acertou ao reajustar a tabela da indenização porque ela estava defasada. Mesmo assim, outros quesitos precisam ser revistos. "O governo precisa fazer campanhas mais periódicas da campanha porque nós percebemos que o pico de entrega acontece quando o assunto tem destaque na mídia", afirma.
Langeani lembra também que os postos de arrecadação precisam ser pulverizados para aumentar o acesso da população. No Brasil há 2.103 postos de coleta de armas de fogo, 48 deles no Paraná espalhados em delegacias das polícias Civil, Federal e Rodoviária Federal. "Em São Paulo aumentamos as entregas com a criação de postos de coleta nas guardas municipais", diz Langeani. Em números absolutos, São Paulo é o estado com maior número de entrega de armas à campanha, com 17,4 mil equipamentos. O Paraná aparece em sétimo lugar, com 2,4 mil armas.
Para o especialista em segurança pública e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Bodê, qualquer iniciativa que desarme a sociedade é positiva. "O valor investido na indenização é muito pequeno com relação ao ganho que a sociedade pode ter", comenta. Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), dos 478 homicídios cometidos em Curitiba até setembro, 376 (78,66%) envolveram armas de fogo.