Está nas mãos da Justiça o destino dos quatro réus suspeitos de terem matado cinco pessoas entre elas o ambientalista Jorge Grando em abril de 2011. Mais de dois anos depois, há ainda muitas dúvidas sobre a tese da investigação policial, que apontou a ex-mulher de Grando como mandante do crime para roubar certa quantia que estaria guardada na chácara onde ocorreu a chacina.
Mesmo com testemunhas "sigilosas" apontando a solução para o caso para este caminho, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) pediu a absolvição dos réus. De acordo com nota emitida pelo MP, o motivo é a ausência de provas tanto testemunhais quanto periciais para a condenação dos acusados.
A promotoria de Piraquara sustenta que, além da negação de autoria dos réus, as provas periciais coletadas não conseguiram sustentar a acusação. Além disso, as testemunhas não confirmaram as declarações concedidas na fase de inquérito policial.
A Justiça de Piraquara terá dez dias, a partir da próxima sexta-feira, para se pronunciar sobre a absolvição ou não dos réus. O processo está nas mãos de um dos advogados de defesa dos acusados.
Começo do zero
Com a possibilidade de a Justiça aceitar a absolvição dos réus, as chances de a polícia ter que começar a investigação do zero é grande. Segundo policiais ouvidos pela reportagem, a probabilidade de encontrar os culpados pelo crime, caso recomece a investigação, diminui consideravelmente já que as informações mais importantes em apurações de homicídios são encontradas, na maioria das vezes, nas primeiras 48 horas após o crime.
O delegado que conduziu o inquérito, Amadeu Trevisan, afirmou que não deve ter sido mantido o sigilo necessário e a proteção às testemunhas para que elas confirmassem suas declarações.
"Trabalhei nove meses neste caso. Demorei a conseguir que eles falassem. O maior obstáculo na investigação foi o medo das testemunhas e a falta de preservação do local do crime", conta.
Pressão sem efeito
Quando o crime completou um ano, alguns dos ambientalistas chegaram a cobrar do governo estadual e pedir ajuda ao Ministério da Justiça para que o caso fosse resolvido. A princípio, a pressão não surtiu efeito. Na época, até a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná também pediu esforços redobrados para o caso.