Apesar de reconhecer que "houve falhas" em ambas as operações, o Comando da Polícia Militar (PM) lavou as mãos e decidiu por não excluir os policiais que foram acusados de duas abordagens ocorridas em novembro do ano passado, em Curitiba. Em uma delas, uma torcedora do Coritiba foi vítima de excessos por parte dos agentes; a outra ação terminou com denúncias de tortura a uma advogada e de agressão a uma família.
Ficará a cargo da Vara de Auditoria Militar decidir se os policiais denunciados serão excluídos da corporação no final do processo, que seguirá os trâmites comuns da Justiça.
O comandante-geral da PM, coronel Roberson Luiz Bondaruk, afirmou que, nos dois casos, as investigações mostraram falhas dos policiais militares, mas as apurações ainda deixaram dúvidas. Por isso, os policiais envolvidos ainda não serão excluídos por enquanto e devem permanecer em trabalhos internos, com algumas punições administrativas.
"Quando o crime é muito grave, não há duvida, independente do posicionamento, a própria PM pode fazer a exclusão. Quando há dúvida, nós esperamos um posicionamento da Justiça que, quando condena, fazemos a exclusão", afirmou o coronel.
Segundo Bondaruk, no caso da torcedora do Coritiba, dois policiais foram investigados. No caso do Bairro Alto, três policiais foram os envolvidos, embora mais agentes tenham participado da ação. O comandante geral, contudo, nega que não tenha havido punição ainda. De acordo com ele, por enquanto, as penalidade são na esfera administrativa.
"São punições que o policial vai ter o prejuízo funcional. Deixa de fazer cursos, não pode servir em unidades especiais, tem uma série de restrições, promoções", disse.
Os casos
Uma das ocorrências foi registrada no início da noite de 24 de novembro, no Bairro Alto. Um rapaz andava de moto sem capacete. Ele foi perseguido por uma viatura da PM e se escondeu em uma casa, onde uma família realizava um churrasco. Os moradores dizem que, mesmo sem mandado judicial, os policiais militares invadiram a residência. Eles teriam agredido pelo menos seis pessoas, entre elas uma idosa de 74 anos e uma adolescente com problemas de locomoção. Um dos moradores chegou a ser hospitalizado por causa das agressões.
Várias pessoas se aglomeraram diante da casa e, por conta disso, várias viaturas da PM foram acionadas como reforço. Imagens gravadas por vizinhos mostram policiais agindo de forma truculenta, ironizando e xingando moradores. Na sequência, quatro pessoas foram presas.
Uma delas, a advogada Andrea Vítor, afirma ter sido torturada. Eles teriam sido levados a uma companhia da PM, onde teriam sido submetidos a agressões físicas e verbais. A advogada afirma ainda ter sido vítima de racismo. O caso foi denunciado ao Grupo Especial de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
O outro caso ocorreu no dia 17 de novembro, às vésperas do jogo entre Coritiba e Vasco. A torcedora Ana Paula de Lima, de 18 anos, que ia ao estádio Couto Pereira, foi abordada por policiais da Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), que a jogaram contra uma parede e pressionaram a cabeça dela contra uma porta de metal. A ação foi gravada por outra torcedora.
VIDA E CIDADANIA | 2:15
Segundo denúncias feitas por moradores do Bairro Alto, policiais militares teriam agido de forma truculenta durante uma abordagem. Os moradores acusam os PMs de agressão e racismo. Denúncia será investigada, segundo a corporação
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