O Ministério da Agricultura quer debater mudanças na cadeia produtiva do leite no Rio Grande do Sul. A reunião, prevista para este mês, foi motivada pela operação "Leite Compen$ado", que investigou denúncia de adulteração do leite realizado por cinco empresas, responsáveis pelo transporte do produto no Estado.
O ministro Antônio Andrade (Agricultura) criticou nesta sexta-feira (10) o pagamento feito ao transportador pela quantidade do produto entregue na fábrica - prática comum no sul do país, segundo técnicos da pasta. "O que sugerimos é que não seja pago o preço [pela quantidade] do leite, mas pelo transporte do leite", disse.
Em outros Estados, o pagamento é feito por quilometragem, o que inibe o tipo de fraude identificada nesta semana.
Uma das formas de adulteração identificadas é a da adição de uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição, na proporção de 1 kg deste produto para 90 litros de água e mil litros de leite. O objetivo era aumentar o rendimento do produto.
A pasta, entretanto, afirma que uma eventual mudança não será feita por uma nova norma ou regra a ser criada, uma vez que trata-se de uma relação comercial entre transportadores e fabricantes.
"A empresa tem uma responsabilidade compartilhada. O que precisa ser feito é conversar com esses atores da cadeia produtiva no sentido de que a indústria identifique onde ela pode estar tendo problema. Ficou evidente que no transporte estava tendo. (...) Já temos normas suficientes para controlar isso", disse Ricardo Cavalcanti, secretário substituto de defesa agropecuária.
Análise
No dia da operação, deflagrada na última quarta-feira, o Ministério da Agricultura apreendeu o leite cru que estava em postos de refrigeração para onde o leite adulterado era levado. O material deu origem a 30 amostras e segundo análise da pasta, duas delas tinham índice positivo de formol. Ao todo, 28 mil litros de leite cru foram apreendidos. Esse produto não está associado a uma marca específica.