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Questão agrária

Após dizer que “eles não mandam no governo”, Richa recebe membros do MST

Protesto na BR-277, em Santa Terezinha de Itaipu, na última semana: integrantes do MST vão se encontrar com o governador Beto Richa | Divulgação/PRF
Protesto na BR-277, em Santa Terezinha de Itaipu, na última semana: integrantes do MST vão se encontrar com o governador Beto Richa (Foto: Divulgação/PRF)

O momento mais tenso da questão agrária no Paraná na última década levou ao agendamento de uma reunião entre o governador Beto Richa e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), marcada para a tarde desta quarta-feira (25), no Palácio Iguaçu. O encontro acontece depois de uma sequência de fatos que acirraram os ânimos nos últimos dois meses: o estouro da “bomba-relógio” – como definiu o assessor especial de assuntos fundiários, Hamilton Serighelli, ao se referir à região de Quedas do Iguaçu – aconteceu no início de abril, com a morte de dois sem-terras.

De lá para cá, outros fatores contribuíram para o clima de tensão. Além do momento político nacional, que trouxe o MST novamente ao posto de protagonista de reações de movimentos sociais, a reintegração de posse de uma fazenda em Santa Terezinha do Itaipu na semana passada foi “respondida” com a ocupação, por até dois dias, de rodovias e pedágios. Para receber integrantes do movimento, o governador colocou como condição a liberação das estradas.

O encontro foi marcado pelo deputado estadual Luiz Claudio Romanelli (PMDB), que disse ter recebido o pedido dos sem-terra na quinta-feira. Entre as reivindicações do movimento estão a exoneração do secretário-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni. O MST alega que o secretário incitou a violência na região Oeste do Paraná. O MST pediu para que Rossoni não participasse da reunião marcada com Richa. Ainda não há confirmação oficial sobre a presença ou ausência de Rossoni na audiência. Sobre a permanência do secretário, o governador disse, na semana passada, que não aceitaria a interferência do MST na composição da equipe.

Histórico

O conflito agrário no Paraná experimentava uma fase de letargia, inclusive com a redução do contingente de acampados em busca de terra, em comparação com a década anterior. Mas a discussão sobre a posse de terras na região de Quedas do Iguaçu foi impulsionada por uma série de decisões judiciais provisórias – que colocavam em dúvida quem estava com a razão. De súbito, o conflito ganhou maiores proporções quando dois sem-terra foram mortos pela Polícia Militar no dia 7 de abril. As informações são conflitantes de ambos os lados e nada foi esclarecido até agora.

Outras duas decisões colocaram mais combustível na fogueira. Na segunda-feira (16), o Tribunal de Justiça decidiu que o governo do Paraná é obrigado a cumprir uma reintegração de posse na fazenda da Araupel. Com o argumento de que teria de destinar muito dinheiro e 8 mil policiais para cumprir a exigência, tendo em vista a complexidade da situação e a quantidade de acampados envolvidos, a administração estadual buscava remediar a questão sem o emprego da força.

O clima esquentou ainda mais depois que, na quarta-feira (18), foi cumprida a reintegração de posse de outra fazenda, a Santa Maria, em Santa Terezinha de Itaipu. Pertencente a investigados da Operação Lava Jato, a área era ocupada por cerca de 2,5 mil pessoas desde o dia 18 de março. Os integrantes do MST alegaram que os acampados não tinham para onde ir e bloquearam rodovias na região Oeste.

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